Cinto de segurança salva vidas
Hábito comum ao brasileiro há alguns anos, o uso do cinto de segurança no banco dianteiro é uma realidade que não se repete quando se trata da utilização do equipamento pelos passageiros que viajam no banco traseiro. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde e do Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE), apenas 50,2% dos passageiros no Brasil usam o item de segurança no assento de trás. Além de ser lei, e ter punição por multa em caso de não uso, o cinto de segurança salva vidas, pois reduz o risco de morte ou o agravamento de lesões traumáticas em caso de acidentes de trânsito.
O contador Diego Monteiro, assim como muitos brasileiros, precisou de um susto para entender a importância do uso do cinto de segurança por todos os ocupantes do veículo. Há seis anos, Diego voltava da cidade de Feira de Santana com mais quatro amigos. O carro quebrou e ele voltou no caminhão do guincho, e os quatro amigos, em um táxi fornecido pela seguradora. O táxi sofreu um acidente no caminho, que provocou a morte do taxista, lesões gravíssimas na pessoa que estava atrás do motorista e ferimentos leves nos outros ocupantes.
"Foi tudo muito rápido, como a maioria das pessoas, meus amigos não estavam usando o cinto de segurança no banco traseiro, o que agravou o acidente, pois um deles foi arremessado para fora do carro, acertando em cheio o assento do motorista, que morreu na hora. O meu amigo que foi arremessado para fora do carro até hoje sofre com as lesões gravíssimas e está tetraplégico", relatou. Diego ainda contou que toda vez que entra em um veículo lembra do acontecido e nunca mais andou ou dirigiu sem cinto. Além de ter a atenção de orientar a todos sobre o uso do equipamento antes de ligar o carro.
Segurança
O presidente da Associação Brasileira de Medicina na Bahia (Abramet), Antônio Meira, explicou que ao não utilizar o cinto no banco de trás a pessoa está colocando em risco a sua vida e a dos demais ocupantes do veículo, mesmo quando os outros estão de cinto.
"Com o impacto de uma colisão ou uma freada brusca o passageiro de trás é projetado para fora do carro e pode causar a morte do motorista ou do carona por esmagamento com o impacto do seu peso no banco. Só para ter uma ideia, um indivíduo de 50 kg sem cinto sentado no banco traseiro, com o carro a 60 km/h, em uma das situações citadas anteriormente é arremessado para frente com um peso equivalente a uma tonelada", esclarece.
Ele ainda disse que só no Brasil os acidentes de trânsito são responsáveis por 43 mil a 45 mil mortes por ano.
Segundo dados da Abramet, o uso do cinto pode reduzir o risco de morte ou agravamento de sequelas dos ocupantes do veículo em até 45% para os passageiros dos bancos dianteiros e 75% no banco traseiro.
Júlio Câmara, especialista em engenharia automotiva, alertou que para estar seguro no veículo é imprescindível que os passageiros encaixem corretamente o cinto de segurança.
"O cinto deve passar pela região clavicular (pelo tórax) e a parte de baixo deve ficar o mais inferior possível, pois o cinto em caso de colisão através de um dispositivo diminui a folga e posiciona o passageiro e da forma mais adequada possível para proteger os órgãos do corpo da pessoa", esclarece.
De acordo com o consultor de trânsito major Luide Souza, da Polícia Militar da Bahia, essa cultura de não usar o cinto de segurança, seja no banco traseiro ou nos dianteiros, além de ser um risco à vida, é uma infração grave, que gera para o condutor uma multa de R$ 293 e cinco pontos negativos na carteira de habilitação.
"O uso do cinto é fiscalizado por agentes de trânsito, que podem autuar o motorista para constatação se todos os passageiros estão utilizando a qualquer momento", alerta.
Antônio Meira ainda lembrou que 60% dos acidentes graves acontecem em deslocamentos curtos, a menos de 30 minutos de percurso, de acordo com dados da pesquisa nacional de saúde.
"As pessoas precisam se conscientizar de que o discurso 'vou aqui na esquina rapidinho, não preciso usar cinto' não está com nada, pois o utensílio contribui para deixar o motorista em estado de alerta, evitando o sono ao volante, por manter a postura ereta do indivíduo", indica.
O designer gráfico Felipe Belmonte conta que passou por duas situações de colisão no trânsito em zona urbana e, por experiência, garante que o uso do cinto faz toda diferença.
"No ano passado, estava levando minha namorada Lívia ao aeroporto de Salvador, quando bateram no fundo do carro, com o impacto, Lívia bateu a cabeça no encosto do banco e, graças ao cinto bem colocado, ela não foi arremessada contra o painel".
*Sob a supervisão do Editor Marcos Casé