Transmissão automatizada tenta esquecer passado do Dualogic, mas lembramos dele a cada brusca troca de marcha
Quem cruza as portas de uma concessionária Fiat interessado na principal novidade da marca nos últimos 15 anos tem sete versões para escolher. Escalado para ocupar duas categorias, o Argo vai do básico 1.0 para brigar com Chevrolet Onix e Hyundai HB20, até o topo de linha HGT, com motor 1.8, aí já encarando rivais como Volkswagen Polo, Ford New Fiesta, Peugeot 208 e Citroën C3.
O Argo 1.0 (72/77 cv) tem seus encantos. Seu motor de três cilindros é econômico e a lista de equipamentos é decente, incluindo itens por vezes ausentes na concorrência (o sistema Isofix de ancoragem de cadeirinhas infantis é um bom exemplo).

O 1.3, de quatro cilindros e 101/109 cv, é o mais interessante ao aliar economia, agilidade na cidade e desempenho satisfatório na estrada, além da oferta de equipamentos mais polpuda, com direito a controle de estabilidade de série.
A partir dele, o motorista pode optar por não trocar a marcha. Custa R$ 58.900, e o câmbio escolhido é o GSR, automatizado que outrora atendia por Dualogic. A troca de nome tem dois motivos. O primeiro são as mudanças tecnológicas, como a calibração da reserva de torque nas trocas de marcha (que minimizam os trancos a cada passagem, segundo a Fiat) e a adoção de botões para selecionar a marcha, no lugar da tradicional alavanca. A segunda razão é tentar deixar cada vez mais esquecida a má fama do Dualogic.

Mas é difícil, a cada troca de marcha, não relembrar dos soluços do Dualogic. A cabeça dá aquela chacoalhada, e a lembrança que estava guardada no fundo do córtex vem à tona com o movimento. Ou das suas indecisões: "passo uma marcha à frente ou fico aqui, nos 5.000 rpm, mais um pouco?", filosofa o GSR, que cinco minutos depois se antecipa e vai de segunda pra terceira antes do que você faria, se estivesse no comando.
A dica é trocar as marchas manualmente, pelas aletas atrás do volante, tirando o pé do acelerador durante a passagem. Geralmente as transmissões se adaptam ao comportamento do motorista, mas aqui é o contrário: você é que tem que se moldar a ele.
Depois vêm as versões Precision e HGT, onde os papéis se invertem: o motor 1.8 está cansado, bebendo mais e andando menos do que blocos de menor cilindrada atuais, mas o câmbio automático de seis marchas é eficiente.
No mais, o Argo é merecidamente um dos protagonistas do segmento, com atraente oferta de equipamentos – destaque para a central UConnect de sete polegadas, estilão tablet, que dá um quê de luxo ao interior do hatch –, boa dirigibilidade e estilo.
Mas ainda falta um Argo ideal: ou casam um câmbio decente com o motor 1.3, ou um motor mais moderno com a transmissão automática.
