Região pouco conhecida guarda muitas belezas naturais
O contraste entre cidades da Chapada Diamantina que sobrevivem do turismo e a forma de vida das famílias do Assentamento Baixão, em Itaetê (a 419 quilômetros de Salvador), é o tema do trabalho de conclusão de curso do jornalista baiano Guilherme Burgos.
Nos três mil hectares do assentamento, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), há várias belezas naturais que podem ser explorar de maneira sustentável, mas os assentados sobrevivem basicamente da agricultura familiar.
Impressionado com o que viu, o então estudante criou um livro de fotos e um site para chamar a atenção para o lugar. Defendido na Faculdade Casper Líbero, em São Paulo (SP), no mês passado, o trabalho obteve nota 10, mas ainda não foi publicado.
"Estou em contato com algumas pessoas e órgãos para que possamos mostrar a história do Baixão, que, como outros vilarejos e colônias da Chapada Diamantina, necessita de atenção", frisa Guilherme Burgos.
Desconhecido de muitos turistas, o local está sendo divulgado no site www.assentamentobaixao.org, lançado no início de dezembro de 2012. O portal destaca, por meio de imagens e relatos, a luta das famílias pela sobrevivência e as belezas paradisíacas do Baixão.
A inspiração para o trabalho de Guilherme surgiu em 2011, quando ele visitou o assentamento pela primeira vez, com o objetivo de chegar à Cachoeira Encantada. "Tudo que eles precisam conseguem juntos. As ações são feitas de forma coletiva. A união dessas pessoas me encantou, e o contraste entre tanta beleza natural e a luta dessas pessoas me chamou a atenção", resume.
Mudança - O assentamento Baixão - único caminho para chegar à Cachoeira Encantada - conta com guias que levam os visitantes até a queda d'água, situada no Parque Nacional da Chapada Diamantina. E, ao longo de diversas trilhas, os turistas podem usufruir de belas paisagens.
Para a vice-presidente da Associação dos Assentados do Baixão, Vera Lúcia Lima, as mudanças estão acontecendo gradativamente, e as famílias começaram a se organizar para o turismo, principalmente o rural, abrigando visitantes nas residências. "Esperamos conseguir fazer do turismo uma fonte de geração de renda e emprego para as famílias", destacou.
A expectativa agora é para a conclusão das obras de reforma de uma ecopousada, com capacidade de abrigar 16 pessoas. O empreendimento está sendo instalado onde funcionava a casa-sede da fazenda e servirá para hospedar os que queiram conhecer a Cachoeira Encantada e o modo de vida de quem vive em assentamentos rurais.
"Acredito que, no final deste mês, estaremos com a pousada pronta e, assim, conseguiremos dar mais um passo rumo ao desenvolvimento", frisou Vera Lúcia.
História - O assentamento surgiu em março de 1998, quando cerca de 300 famílias invadiram a Fazenda Brasileia, no município de Itaetê. A oficialização ocorreu oito meses depois da ocupação.
Alguns pessoas não se adaptaram no local e foram embora, restando 150 famílias, as quais inicialmente se abrigavam em barracos de pau e lona. Atualmente, o lugar conta com casas de alvenaria, água encanada e energia elétrica. Cada família dispõe de dois lotes de terra, onde plantam para o sustento e cujo excedente é vendido. No local, também há escola, campo de futebol e igrejas de diferentes religiões.
Diferente do que ocorreu em outros assentamentos da região, a união entre as pessoas não foi apenas durante a invasão da propriedade e sim nas lutas em prol de um bem comum: o desenvolvimento do povoado.
E a organização do Baixão em busca de projetos para se estabilizar e se formar como sociedade sólida é, sem dúvida, o diferencial para o desenvolvimento.