Victória apresentou os sintomas na última quinta-feira e, após vários episódios de vômito e diarreia | Foto: Filipe Augusto | Ag. A TARDE
Moradores do município de Lauro de Freitas estão preocupados com um suposto surto de uma doença, que lembra virose, cujos sintomas são vômito, diarreia e mal estar. Seis pessoas de uma mesma família, por exemplo, residentes em bairros distintos do município de Lauro de Freitas, tiveram episódios desses sintomas nos últimos dias.
Victória Costa, farmacêutica, 27 anos, apresentou os sintomas na última quinta-feira e, após vários episódios de vômito e diarreia, ela conta que chegou a desmaiar. Outros parentes, como mãe, irmão, sua cunhada e seu sobrinho também apresentaram o mesmo quadro, na mesma época. A filha, Valentina, de setes meses de idade, apresentou os sintomas e Victoria decidiu levar-lhe à emergência.
No Hospital SoKids, muitas outras crianças aguardavam atendimento com os mesmos sintomas. Victoria foi informada pela profissional que a atendeu de uma quantidade significativa de crianças com os sintomas. “O hospital relatou que havia uma média de 16 crianças internadas com esse quadro”.
A TARDE visitou o posto médico Nelson Barros (centro de Lauro de Freitas) e foi informado pelo coordenador do local, Joélio Araújo, que houve um aumento das entradas por conta de quadros virais caracterizados por vômitos, diarreias e dores abdominais. “Nós percebemos mais vômito nas crianças e o que chama atenção é a força que elas fazem para vomitar”. Uma das funcionárias do posto está afastada com este mesmo quadro viral, conta. O Nelson Barros atende de 300 à 350 pessoas por dia.
Quadro comum - A reportagem entrou em contato com o Hospital Sokids para repercutir o caso. O Hospital, contudo, informou que o quadro de pacientes atendidos na unidade, nas últimas semanas, tem sido diversificado e, até o momento, nenhuma doença específica ou sintomas específicos se sobrepõem às demais.
A TARDE também procurou o coordenador da vigilância epidemiologia de Lauro de Freitas, Daniel de Assis, que negou que os episódios estejam acima do considerado normal. Ele destacou que quadros como estes são comuns, principalmente em crianças, e que podem ser motivados por uma série de fatores como a ingestão de algum alimento que não fez bem, por exemplo.
“Até o momento nós não temos notando nenhum surto. Consideramos surto quando em dada creche, por exemplo, um número alto de crianças apresenta os sintomas. Até o momento não houve discrepância dos números de verificação”, explicou o coordenador, ressaltando ainda que “caracteriza-se surto quando temos um aumento por exemplo de 10 a 20% de x casos de vômito e diarreia, num bairro ou localidade específica, até o momento a gente não teve essa característica”, concluiu.
O médico infectologista Robson Reis, explica que o Verão é a estação do ano onde ocorre um aumento de casos das doenças diarreicas, causadas por vírus ou bactérias. Com a proximidade desta estação, o aumento de quadros como os descritos acima se dá em razão de um maior fluxo de pessoas em praias, parques, clubes, fazendo uso alimentos e líquidos, por vezes não acondicionados de forma correta.
“Em relação às doenças diarreicas, essas são caracterizadas por um quadro de náuseas, vômitos, aumento do número de dejeções, fraqueza e por vezes febre, geralmente baixa nas diarreias virais e alta nas diarreias bacterianas”, explica. O infectologista ressalta a necessidade de hidratação, repouso e alimentação equilibrada para tratar a enfermidade.
“Cuidado maior devem ter as crianças e idosos, pois há um risco maior de desidratação, distúrbio hidroeletrolítico, insuficiência renal e até mesmo óbito”, concluiu. Como medida de prevenção, Reis chama atenção para os cuidados com alimentos ingeridos, e a necessidade de se higienizar bem as mãos antes de qualquer refeição, além de evitar levar a mão à boca e ao nariz, e evitar o compartilhamento de alimentos ou objetos pessoais.
*Sob supervisão da jornalista Regina Bochicchio