O governo do Estado pretende lançar em abril edital de licitação para a construção do Hospital Geral do Subúrbio (HGS). A obra foi anunciada esta semana e deve custar aos cofres públicos R$ 28,6 milhões em três anos, quando o hospital deverá ser inaugurado. O governo deve investir ainda R$ 18 milhões em equipamentos e mobiliário. Para este ano, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), de onde virão os recursos para a unidade, recebeu dotação orçamentária de R$ 129 milhões somente para investimentos.
O objetivo é minimizar o déficit assistencial na Bahia, tornando o hospital uma referência em todo o Estado, “um novo HGE para Salvador”, segundo palavras do secretário estadual de Saúde Jorge Solla, durante o anúncio da obra. Para se ter uma idéia, o estado conta com apenas 1,98 leitos do SUS por grupo de mil habitantes, quando o Ministério da Saúde define o parâmetro 2,6 a 3 leitos por mil habitantes como o mínimo aceitável.
A Sesab não confirma o local em que o hospital será construído “para evitar especulação“, disse o diretor-geral do órgão e secretário da Saúde em exercício Washington Couto. A primeira informação da assessoria de comunicação do governo, entretanto, indicou que a obra de 14 mil metros quadrados em terreno de, no mínimo, 40 mil metros quadrados, seria realizada em área de propriedade do Estado no bairro de Periperi.
Com a novidade, haverá mudanças também no Hospital João Batista Caribé (HJBC), o único da região. “Queremos tornar a unidade uma referência em atendimento materno-infantil”, confirma Couto. A diretora do HJBC, Letícia Carvalho, aprova a redefinição de perfil. “Não conseguimos dar conta da demanda, o que acarreta morosidade no atendimento”, admite.
Com 64 leitos, 15 de pediatria e os demais em obstetrícia, a unidade atende atualmente cerca de 400 pessoas por dia. “A mudança vai desafogar o Caribé e melhorar a assistência à mulher“, afirma a diretora.
Promessa – Os moradores receberam a notícia com entusiasmo, mas também com muita desconfiança. “Este é o sonho do suburbano, mas basta saber se não será somente mais uma promessa”, afirmou o presidente da Associação de Moradores do Subúrbio Ferroviário, Jailton de Moraes.
Com mais de 300 mil habitantes, o subúrbio ferroviário só conta com o Hospital João Batista Caribé, sem estrutura para atender casos de grande complexidade, e uma unidade de emergência em Plataforma. A rede municipal, com 19 unidades de saúde, oferece apenas os serviços da atenção básica e de forma deficitária, obrigando a população a se deslocar para os grandes hospitais da cidade.
Moraes lembra que, na época da inauguração, o Caribé foi anunciado como um hospital geral. “Hoje, não se encontra nem um pedaço de algodão”, protesta. Na porta da unidade, pacientes reclamam do estado de calamidade em que se encontra o sistema de saúde. “Não adianta ter um novo hospital, se não tiver médico”, opina a auxiliar contábil Elaine Dias, 30 anos.
Ela aguardava há mais de duas horas atendimento para a irmã, que tinha febre alta e fortes dores no peito. “Só tem um médico trabalhando e o povo aguardando desde cedo”, disse. O vendedor Mário Andrade, 60 anos, chegou a se indignar contra as faixas de agradecimento pelo HGS, que já se vêem espalhadas pelo bairro. “Isto é jogo político. O hospital ainda nem saiu”, disse o morador do Lobato.
ASSISTÊNCIA – A escolha da região, segundo a Sesab, levou em consideração a sua falta de assistência histórica. “Os serviços se concentraram no centro, mas a população de Salvador cresceu na periferia”, explicou Washington Couto. Quanto ao diagnóstico dos problemas do local, ele diz que não dava para esperar estudos para agir. “Os problemas são evidentes”, completou.
O hospital, destinado à urgência e emergência e procedimentos de alta complexidade, terá capacidade para 230 leitos, dos quais 60 de UTI. Está previsto atendimento nas áreas de clínica médica, cirúrgica, traumato-ortopedia e queimados, adulto e infantil. Serão 20 leitos para UTI adulto, 10 de UTI pediátrica, 20 leitos de Unidade Semi-Intensiva adulto e 10 leitos de Semi-Intensiva infantil.
Na área de apoio à diagnose e terapia, o governo garante a aquisição de aparelhos de raios-X, portátil e fixo, tomógrafo computadorizado, ultra-som com tela colorida, agência transfusional (para sangue e hemoderivados), além de laboratório de patologia clínica, endoscopia digestiva e broncoscopia. A área de apoio logístico prevê os serviços de nutrição e dietética, farmácia, central de esterilização de material, lavanderia, almoxarifado, engenharia clínica e tratamento de resíduos.