Uma das consequências da intervenção na avenida é o sacrifício da vegetação
As obras de duplicação da avenida Professor Pinto de Aguiar, Patamares, uma das principais ligações entre a orla e a avenida Paralela, estão avançadas em cerca de 40%. Elas devem ficar prontas até junho, segundo anunciou o governo do Estado.
A via está situada em uma das regiões que mais crescem na capital. Somente no bairro de Patamares, 21 empreedimentos imobiliários estão em construção e oferecem 2.973 unidades habitacionais, segundo dados da Associação de Dirigentes do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA). Do total, 2.016 unidades já estão vendidas.
Se for considerada uma média de quatro pessoas por família em cada nova unidade habitacional, a população da região pode ter um acréscimo de quase 12 mil pessoas nos próximos meses.
Segundo o presidente do Sindicato dos Engenheiros da Bahia, Ubiratan Felix, esta área começou a atrair empreendimentos a partir de 2004.
Ele conta que a saturação de outras áreas, como as margens da avenida Paralela, está alavancando o crescimento imobiliário no local. "É uma região próxima de shoppings, praias e centros educacionais", diz.
Transtornos
As intervenções na Pinto de Aguiar têm afetado moradores, comerciantes e motoristas, que utilizam a via.
Segundo dirigentes de motéis localizados da avenida, o movimento nos estabelecimento tem diminuído, pelo menos, 20% desde o início das obras. É o caso, por exemplo, do motel Hollywood.
"As obras ainda nem chegaram aqui e já temos queda. O verão é o nosso melhor período, acredito que vamos ter prejuízo", diz o gerente Edilson Tupinambá, que também é morador da região.
Ele conta que, para a duplicação da via, um recuo de seis metros deve ser feito, retirando boa parte do jardim. "Agora o trânsito não está ruim porque estamos em período de férias escolares".
Ao lado, o Playmotel também será afetado. De acordo com a direção, o motel vai perder um tanque de água e a fachada, investimentos de R$ 14 mil.

Edilson mostra marcação que vai fazer motel perder parte do jardim (Foto: Mila Cordeiro | Ag. A TARDE)
Dono de uma borracharia, Washington Leite, 33, afirma que precisa ir a um posto próximo para atender clientes. "Demiti dois funcionários porque não conseguiria pagar", lamenta.
O diretor de obras estruturantes da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado (Conder), Sérgio Silva, diz que todos os esforços estão sendo feitos para minimizar os transtornos.
"Não dava para interromper todo o trânsito, pois iria prejudicar ainda mais a população", pontua.
Placas de divulgação da obra foram colocadas em vias próximas à avenida para informar sobre a obra e orientar que motoristas utilizem vias alternativas. Silva conta que foram realizadas 15 desapropriações, com custos de R$ 10 milhões para o Estado.
Valorização
O aposentado José Terto, 78, que mora há 32 anos em Patamares, diz que o bloqueio no trânsito de algumas ruas e o barulho das máquinas são os principais transtornos. Ele diz que não houve aumento de congestionamento.
"É um mal necessário. Eu ando de bicicleta todos os dias e vou usar a ciclovia", prevê, contando que a casa dele, a segunda construída no local, deve "ficar valorizada".
A empresária Marla Oliveira, que deve mudar para um imóvel no local até o final do ano, também acredita na valorização: "O valor do meu apartamento vai triplicar".
Para o presidente do Sindicato dos Engenheiros, a duplicação vai melhorar o fluxo. "Mas não resolve os principais problemas de mobilidade. É preciso criar mais alternativas à Paralela e orla".