Aparelho faz irradiação diretamente no local da remoção do tumor
A Bahia já tem um novo tratamento no setor de radioterapia para pacientes diagnosticadas com câncer de mama. O Intrabeam permite que a irradiação seja feita diretamente no local da remoção do tumor, ainda na cirurgia. A área tumoral é irradiada de dentro para fora, com uma única administração, substituindo a radioterapia convencional que é feita normalmente na quantidade de 25 a 30 doses.
O primeiro equipamento do Brasil está sendo utilizado pelo Monte Tabor - Hospital São Rafael, localizado na avenida São Rafael, em São Marcos. O coordenador do serviço de mastologia do hospital, Ézio Novais, falou que a grande vantagem do método é a substituição por um tratamento que dura bem menos tempo e apresenta a mesma eficácia.
O especialista explicou como a aplicação é realizada: "Durante a cirurgia de remoção do tumor, o Intrabeam é acoplado à cavidade feita na paciente e ela pode receber em 20 minutos a mesma radiação que receberia em seis semanas".
Diagnóstico precoce
Apesar da inovação, o Intrabeam só é indicado para pacientes diagnosticadas no inicio da doença, com tumores de até três centímetros. O novo método foi investigado pelo grupo de estudo internacional TARGIT-A durante 16 anos.
A pesquisa incluiu 3.451 pacientes de 33 centros internacionais. Estes foram divididos em dois grupos de tratamento. Em um grupo, foi utilizado o sistema Intrabeam e, no outro, a radioterapia convencional.
O resultado mostrou que o número de retorno do câncer foi muito baixo. O Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão auxiliar do Ministério da Saúde, diz que o câncer de mama é o segundo tipo mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres.

Intrabeam foi apresentado em entrevista com médicos (Margarida Neide | Ag. A TARDE)
Arthur Accioly, radioterapeuta, garantiu que este método é efetivo, seguro e eficiente. "Com este novo tratamento, poderemos diminuir as filas da radioterapia", disse. Quatro pessoas já utilizaram o Intrabeam no Hospital São Rafael.
Maria José Andrade, 66, pedagoga aposentada, sofreu cirurgia para retirada do tumor em abril e está fazendo a radioterapia. "A rotina hoje é em função do tratamento. Fico, em média, uma hora no hospital", contou. Maria José é do município de Paulo Afonso (norte baiano) e desde o início do tratamento está em Salvador. Ela disse que se encaixa no grupo de pacientes com estágio inicial da doença, mas o novo método não estava disponível quando se descobriu seu câncer.
A aposentada faz questão de falar que descobriu a doença por meio do autoexame, importante meio para o diagnóstico precoce e início do tratamento.
Segundo Verena Mendes, gerente médica do HSR, uma proposta para que o serviço seja disponibilizado no Sistema Único de Saúde foi enviada à Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), mas o hospital ainda não obteve um retorno. A utilização do Intrabeam custa, atualmente, entre R$ 10 mil e R$ 12 mil.