Duzentos índios da tribo Tembé e agricultores decidiram no começo da noite de hoje libertar dois servidores federais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que mantinham reféns desde ontem em um prédio público da cidade de Capitão Poço, no nordeste do Pará. Os libertados foram José Cristiano Martins, superintendente do Incra em Belém, além de Francisco das Chagas, o Chico Barbudo, chefe da unidade avançada do órgão.
A decisão foi tomada durante reunião com representantes do governo federal, que prometeram retirar os agricultores da reserva indígena e ao mesmo tempo assentá-los em outra área fora do território tembé. Outros três servidores, Edna Miranda, Antônio Abraão e Juscelino Bessa, todos da Fundação Nacional do Índio (Funai), continuavam reféns porque não houve acordo que satisfizesse os índios. As partes continuavam negociando e a Funai previa a libertação dos três ainda durante a noite.
Segundo Chagas, a ocupação dos prédios foi pacífica. "Eles trouxeram comida, deixaram a gente ir ao banheiro, falar ao telefone. Tudo normal, mesmo mantendo a gente sem poder sair", resumiu o chefe do Incra. Antes da reunião, o clima era tenso: os índios ameaçavam levar todos os reféns para a aldeia tembé, localizada a 15 quilômetro da cidade. Soldados da Polícia Militar tomaram posição para não permitir a saída dos reféns, mas foram avisados do perigo de um desfecho sangrento. Eles recuaram, aguardando o resultado das negociações.