O ator Bubba de Campos costumava se reunir com amigos para ver o Oscar
Durante muito tempo, o ator Bubba de Campos, hoje com 40 anos, tinha um ritual anual: reunia-se com amigos para assistir à festa do Oscar. O encontro acontecia sempre na casa de um deles, com direito a pipoca e muita ansiedade em torno do resultado. Nos últimos anos, no entanto, tem sido diferente. "Durante mais de 15 anos, me reuni para varar a madrugada vendo a cerimônia, mas o Oscar já não me seduz mais. Continuo assistindo, até pela minha profissão, mas, agora, sem reuniões e festa para comemorar os premiados", diz o ator.
A razão da mudança? "A cada ano, a festa fica mais chata e a premiação deixa muito a desejar. Ficou tudo muito previsível, e a grande expectativa que envolvia o resultado deixou de existir", considera.
A médica Tânia Fonseca, 54, também lembra saudosa da época em que assistir ao Oscar era um grande evento. "Me lembro que assistia a todos os filmes, anotava minhas impressões em um caderninho e participava com os amigos dos bolões promovidos pelas locadoras", conta.
Para Tânia, o mais importante evento do cinema mundial, atualmente, peca pelo excesso. Não só o sentido da premiação mudou, diz a médica, mas a relação que as pessoas têm hoje com os filmes é completamente outra.
"Antigamente, existia uma admiração enorme pela manifestação artística da festa, pelo time de críticos, artistas e cineastas que estavam envolvidos ali. Hoje, as pessoas estão mais preocupadas em ver a roupa que Naomi Watts (do filme O Impossível) ou Anne Hathaway (Os Miseráveis) vão usar".
Votação - Um outro ponto citado por Tânia é o enfraquecimento da crítica. "O Oscar deixou de ter a credibilidade de antes, inclusive, por conta do time que vota", acredita.
A eleição dos melhores do setor cinematográfico é feita por mais de 5.800 profissionais convidados, associados da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos (EUA).
Para que um filme, ator ou diretor consiga chegar nesse ponto da disputa, ele tem que passar por um processo longo que engloba desde as milionárias campanhas dos estúdios até o aval dado por críticos e jornalistas.
"Não sou crítica de cinema nem estou envolvida na área, mas sei que há uma série de interesses por trás disso tudo e não necessariamente vence o melhor", acredita a médica Tânia Fonseca.
Apaixonada por filmes, a arquiteta Leila Rubim, 26 anos, procura assistir à maior festa do cinema mundial todos os anos, mas não usa os indicados como critério de filmes bons ou ruins.
"Inclusive, gosto muito mais de outras premiações do cinema como o Globo de Ouro, por exemplo, mas não posso deixar de admitir que o Oscar é o principal prêmio do setor", afirma.
A jornalista Lorena Novas, 32 anos, adora ver a premiação. "Há, pelo menos, 15 anos assisto ao Oscar e reconheço que muitas mudanças foram feitas, mas ainda assim vale a pena acompanhar".
Lorena costuma assistir à festa em casa, mas opina, discute e interage com os amigos por meio das redes sociais. "Assisto sozinha, mas sempre me reúno virtualmente com os amigos, antes via orkut e skype e, mais recentemente, via facebook", diz.
Academia - A premiação do Oscar é oferecida anualmente pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, organização honorária dedicada ao desenvolvimento da arte e ciência do cinema, fundada em 1927.