Os atores Daniel Day-Lewis e Vicky Krieps: talento em dose dupla, mas só ele foi indicado ao Oscar
Trama Fantasma, o novo longa de Paul Thomas Anderson conquistou seis indicações ao Oscar, entre elas a de Melhor Filme e Melhor Ator. A atmosfera dramática criada no filme não fica apenas nas telonas, já que este é o último trabalho de Daniel Day-Lewis como ator, que anunciou aposentadoria no final de 2017.
O filme diz respeito ao grandioso epicentro da costura da pós-guerra. Um romance entre um excêntrico estilista e uma garçonete que ele encontra durante uma viagem para o interior inglês.
O ato sexual está claramente ausente do filme, mas as interações entre Day-Lewis e Vicky Krieps são elétricas. Ela quer amá-lo em seus termos, ele, nos seus; eles chegam a um impasse, se rendem, voltam a se envolver e desmoronam.
Os personagens são meticulosamente moldados e o ritmo do filme é tão agradável que após a exibição causa um efeito febril. Eles se antagonizam e atingem um equilíbrio de poder assustador e estranho.
Ritmo
O filme é profundamente envolvente e lúdico, enquanto as cenas se misturam de maneira romântica, inquietante e, às vezes, até mesmo divertida. Há um domínio das transições de cena de uma maneira que faz o filme inteiro parecer uma cena intoxicante.
Daniel Day-Lewis é tão bom aqui quanto em Sangue Negro, também de Paul Thomas Anderson, que rendeu a Day-Lewis seu segundo Oscar de Melhor Ator. Ele incorpora um personagem com mais profundidade e uma ternura complexa.
Ele trabalha em conjunto com Vicky Krieps, uma atriz que se destaca em cada cena e até mesmo consegue sobressair Day-Lewis em alguns momentos. Ela brilha nos minutos finais, trazendo uma mistura perfeita de intimidade e ferocidade para um papel muito desafiador.
Plasticidade
A fotografia e o design de produção são espantosos, uma grande produção. Até mesmo alguém que é completamente despreocupado com a moda ou a história da moda consegue assumir que os vestidos são deslumbrantes.
Há vários momentos comuns na história em que alguém sai em meio a uma paisagem extenuante, tirada de uma pintura.
Anderson lentamente brinca com as expectativas e trabalha dentro e fora do romance gótico, da comédia sombria e do drama apaixonado. Cada plano do filme é meticulosamente construído a tal ponto de construir uma tensão permanente, como se, a qualquer momento, tudo fosse ruir.
A trilha sonora de Jonny Greenwood é assombrosa e evocativa, um aspecto integral do clima e funciona como um contador de histórias.
Há muito para ser digerido em Trama Fantasma e talvez o filme leve muito tempo para atingir um clímax, mas os 20 minutos finais são impressionantes e de fato um feito cinematográfico. Tudo simplesmente se une de modo inesperado, deixando o público querendo mais enquanto se maravilha com a arte em exibição. Paul Thomas Anderson sabe o que ele está fazendo.
*Sob a supervisão da editora Márcia Moreira