O filme Norwegian Wood, de Tran Anh Hung, é um dos filmes do pacote combo e tem como tema central o suicídio entre jovens
Um só ingresso vai permitir ao cinéfilo de Salvador assistir a O Diabo Provavelmente, de Robert Bresson, e Norwegian Wood, de Tran Anh Hung; duas obras nunca antes exibidas no circuito comercial brasileiro. Isso porque neste domingo, 27, às 10h, na Saladearte Cinema da Ufba, estreia no circuito cinematográfico o projeto Double Bill.
O conceito é simples e atrativo: pagar um ingresso e ver dois filmes. Criadas nos EUA, na década de 1940, as chamadas sessões “Double Bill” já fazem parte da trajetória e do imaginário cinéfilo ao redor do mundo. E agora é a vez de Salvador experimentar essa “dobradinha” cinematográfica.
A versão baiana das tradicionais exibições duplas está sob a curadoria dos cineastas Fabrício Ramos e Camele Queiroz e do crítico de cinema Adolfo Gomes. “A ideia do Double Bill surgiu a partir do Cinematógrafo, que é uma mostra mensal que eu e Camele fazemos. Adolfo Gomes, que acompanha o trabalho, viu que nós tínhamos uma parceria com a Saladearte, e sugeriu a realização do Double Bill”, conta Fabricio. O projeto vai acontecer de dois em dois meses.
Cada edição do Double Bill trará uma temática para ligar os filmes. Para a primeira edição, o tema será Vida Provisória, evidenciando o tema da juventude inseridos nos dois filmes. “Uma coisa que o próprio Adolfo coloca como ponto de liga e convergência entre dois temas, são diretores que tem um estilo próprio muito marcante, mas nesses dois filmes eles trazem uma questão muito forte que é o suicídio na juventude”, explica Camele.
A cada sessão, a curadoria conjugará um filme mais clássico ou de um período mais antigo e um filme mais contemporâneo, desde que apresentem algum tema em comum. “Serão sempre temas ligados a questão da arte, do cinema com a vida”, diz Fabrício.
Debates
Um dos diferenciais do Double Bill em Salvador vai ser a proposta de um bate-papo após cada exibição, algo que Fabrício e Camele já realizam mensalmente após as sessões do Cinematógrafo, com interação do público.
A ideia é dar continuidade a essa dinâmica abrindo um diálogo, não só com os espectadores, mas também entre os filmes. Assim, um breve comentário vai preceder a projeção de cada filme e um debate informal, ao término das sessões, pretende analisar e ampliar as relações entre as obras.
“Nós vamos ter o cuidado de fazer uma apresentação e um debate após as sessões, de modo a compartilhar e receber do público também, essa troca de experiências, esse olhar que nasce de dois filmes, às vezes com linguagens distintas mas que por algum aspecto, seja temático ou estilístico, eles se comunicam”, conta o crítico Adolfo Gomes. “Essa é a característica que diferencia a nossa da original Double Bill”, finaliza.
*Sob a supervisão da editora Márcia Moreira