Milhões de búlgaros e romenos amanheceram nesta segunda-feira como cidadãos da União Européia, depois de uma noite com fogos de artifício e festa nas ruas comemorando a entrada dos países no bloco.
Considerados muito afastados politicamente e economicamente dos demais membros da UE, os vizinhos do Mar Negro entraram para o grupo no que analistas dizem ter sido a última chance nesta década.
A adesão dos países pobres e ex-comunistas eleva para 27 o número de membros da UE. Quase metade é do ex-bloco do leste afastado do Ocidente pela Cortina de Ferro até 1989.
"Hoje, um sonho foi realizado, um sonho de gerações de búlgaros que sempre quiseram viver com os povos europeus livres em paz e prosperidade", disse o primeiro-ministro da Bulgária, Sergei Stanishev, em um show ao ar livre em Sofia.
As novas fronteiras da UE vão agora do Atlântico ao Báltico no oeste e no norte e até o Mar Negro no sudeste.
A Romênia e a Bulgária vão aumentar a população da UE em 30 milhões de pessoas, para 490 milhões, mas acrescentam apenas 1 por cento na produção econômica.
A adesão provocou debate sobre as fronteiras da UE. Alguns países temem que mais expansão traga ondas de imigração e crime que podem tirar empregos e gerar instabilidade.
Outros candidatos à UE, como Turquia e países dos Bálcãs, enfrentam agora a perspectiva de uma longa espera.
Na França, o presidente Jacques Chirac elogiou as novas adesões, dizendo que são um passo na reconciliação da Europa.
"Sofia e Bucareste são mais uma vez capitais européias", afirmou, segundo texto de um discurso divulgado por seu gabinete.
"Estamos em casa", foi a manchete do jornal Trud, da Bulgária, na edição especial de Ano Novo.
Os dois países esperam ansiosos para receber 52,75 bilhões de dólares em ajuda de desenvolvimento da UE. Mas o bloco já criticou os novos membros por não combaterem a corrupção, principalmente a Bulgária, e o crime organizado que controla grande parte da economia.
Búlgaros e romenos esperam que a nova condição de membros da UE acabe com os preconceitos e com o isolamento que sentiam antes.
"Quando eu ia para outros países, todo garçom, todo vendedor levantava o nariz quando ouvia que sou da Romênia", disse o vendedor Sergiu Radu, de 27 anos. "Espero que isso termine com essa vergonha e frustração."