Adriana Tourinho recebe o carinho das sobrinhas Júlia e Fernanda
Elas são solteiras, bem-sucedidas e adoram presentear os sobrinhos. As tias sem filhos estão impulsionando o mercado de luxo infantil, segundo pesquisa realizada com consumidoras brasileiras.
A tendência acabou de ser identificada no Brasil, mas nos Estados Unidos e na Europa as tias solteiras sem filhos já têm até apelido, Panks (Professional Aunt no Kids. Em tradução literal, tias profissionais sem filhos).
O trabalho dessas "tias profissionais" é mimar as crianças com presentes. "Tias podem tudo, até mais do que avós. Tias não têm lei nenhuma para cumprir, podem 'estragar' as crianças. Pediu, eu faço", brinca a contadora Maria das Graças Silva, 32 anos.
Para Pedro, de 4 anos, e Tiago, de 2 anos, ela é a "tia Gal", a fonte de muito carinho, atenção e, claro, presentes. "O mais novo nem fala ainda e já me compra. Conseguem o que querem. E eu faço todas as vontades", diz.
Realizada pela empresa de pesquisa de mercado Shopper Experience, com 1.723 clientes secretas, a pesquisa apontou que do total de mulheres que compram produtos infantis, 642 não têm filhos. Destas, 555 compram artigos caros ou de grife.
Com dinheiro de sobra, já que não têm gastos com filhos, essas tias têm entre 30 e 45 anos e chegam a comprar presentes a partir de R$ 350. Elas gastam até mais do que as mães, que optam por produtos práticos e econômicos. Mais do que dar brinquedos, a bibliotecária Adriana Tourinho, 43 anos, prefere dar roupas para as sobrinhas Júlia e Fernanda, de 9 e 5 anos.
Quando as duas meninas eram mais novas, os presentes eram mais frequentes e semanais, a cada visita das duas à tia. Elas não saíam de lá sem uma lembrancinha. Até hoje, Adriana mantém o hábito de dar presentes às sobrinhas mais velhas, de 19 e 28. Para elas, ingressos para festas e viagens são mais comuns.
"Damos presentes para demonstrar carinho, porque nos não temos uma convivência de rotina com as crianças. Quando a gente vê, quer agradar de alguma forma", conta Adriana.
Madrinhas - Segundo a pesquisa, as brasileiras ainda têm mais chances de entrar na categoria de tias profissionais, por causa da cultura católica das madrinhas. "Tia Gal" por exemplo, é tia e madrinha de Pedro.
Os presentes para Pedro, muitas vezes, vão deixar de servir assim que ele crescer um pouco ou não têm nenhuma utilidade prática. "Comprei no aniversário de Pedro uma autopista, de R$ 700, que ele não sabe nem usar ainda. Não me arrependi, mas deveria ter comprado algo que ele usasse", conta Maria das Graças.
E a lista de presentes caros não para por aí. Uma casinha do personagem Galinha Pintadinha, de R$ 200, e um iPad, de R$ 2,5 mil, são alguns dos exemplos que a tia-madrinha generosa consegue listar.
Mas nada supera a cama decorada com o personagem do filme Carros, da Disney. Pedro ganhou a cama, no valor de R$ 1 mil, há um ano, para finalmente dormir em seu quarto. E nunca usou.