Miguel e Rosely, sócios do pet shop 4Pet 4You, não misturam relação pessoal e trabalho
Para alguns pode parecer desesperador só o fato de imaginar unir trabalho e casamento, mas para muitos é um privilégio poder dividir a rotina e suas conquistas profissionais com o companheiro. De acordo com a pesquisa do International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR), trabalhar junto com o parceiro pode gerar menos conflitos e cobranças na relação, menor exaustão profissional e melhores recursos para lidar com o estresse. A pesquisa mostra que 80% dos casais que ocupam o mesmo cargo na mesma empresa lidam melhor com a ansiedade e carga horária do companheiro.
Juntos há três anos, os advogados Karina Reis e João Felipe de Sá tiveram a ideia de trabalhar juntos ainda na época da faculdade. "Vimos que a sintonia era forte porque tínhamos um objetivo em comum, que é atuar na advocacia preventiva e sempre foi um desejo nosso advogar", conta Karina, sócia do escritório Reis de Sá que trabalha com assessoria jurídica.
Depois que se formaram, os dois trabalharam em outros lugares para adquirir uma experiência mais sólida e há um ano montaram o próprio escritório. "Cada um foi analisando os prós e contras de onde trabalhava e vendo o que podia ser melhorado. Observamos isso e buscamos aplicar aqui", destaca João Felipe.
O casal Miguel Tolentino e Rosely Lira estava procurando oportunidades de negócio em uma área que os dois tivessem afinidade. São sócios do pet shop 4Pet 4You há dois anos e não misturar as relações é uma preocupação diária para o casal. "Temos que nos policiar para não levar os conflitos para casa, muitas vezes não temos tempo para discutir as ideias da empresa durante o expediente e temos que fazer isso no trânsito, a caminho de casa ou do trabalho", explica.
Para João Felipe essa também é a parte mais complicada. "É difícil desligar a chave do trabalho e como não temos um horário definido é ainda pior. Foi um ano de aprendizado para nós", analisa. Karina concorda: "A gente misturava muito no início, até pela expectativa de abrir o negócio, acabávamos falando muito sobre trabalho, mas com o tempo fomos percebendo que era necessário separar as coisas, até para preservar o nosso relacionamento", revela.
Inna Fernandes é sócia do seu marido André Porto há 14 anos e os dois já possuem duas empresas. "Quando nos casamos trabalhávamos em lugares diferentes e, para viver uma vida mais próxima e alcançar nossos objetivos, resolvemos abrir um negócio. Ele é mixologista (especialista em drinks), então montamos a Black Bar Coquetelaria, uma empresa de eventos em que cuido da parte administrativa", diz Inna.
Ela conta que no início enfrentaram muitos problemas por causa da diferença de personalidade de cada um, então decidiram que para dar certo, eles precisavam trabalhar em áreas separadas. E estão indo bem. A Guia Villas, segunda empresa do casal já tem cinco anos e atua na área de publicidade em Villas do Atlân tico. "Nas duas eu cuido do marketing e do comercial e fica com a parte de logística e financeiro", ressalta a empresária.
Ana Maria Rossi, psicóloga e presidente do ISMA-BR, explica que uma das desvantagens desse tipo de relação é que embora o casal passe muito tempo juntos, a qualidade desse tempo pode ser prejudicada. "É difícil separar a razão da emoção, mas uma saída para isso pode ser criar pequenos rituais que sirvam como referência. Por exemplo, se eu pegar a pasta do trabalho agora estou trabalhando; colocar na rotina essas coisas ainda que pareçam bobas ajudam também", diz Ana.
Segredo do sucesso
Para dar certo não adianta só a vontade, é preciso ter muita disciplina e paciência. "Ninguém já começa fazendo tudo da forma correta, mas conforme o negócio vai crescendo, vamos adquirindo uma maturidade para lidar com as divergências. Isso leva um tempo, nós fizemos cursos e consultorias que nos ajudaram nesses aspectos", observa Inna.
Segundo Karina é muito importante saber respeitar as funções de cada um. "Eu posso dar sugestões, mas não interferir no trabalho dele. Aprender isso é difícil, ainda mais que ás vezes eu posso ser um pouco autoritária nas minhas decisões, mas ele me faz ver que existem outras formas que deram certo em situações como essa", revela.
Não prolongar os problemas é outro ponto importante. "Buscamos resolver qualquer briga logo, na maioria das vezes percebemos que aquilo é uma coisa pequena e quando se trabalha junto não podemos dar uma dimensão tão grande", completa João.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló