Caixa anunciou redução de juros e aumento da cota para financiar
A Caixa Econômica Federal voltou a financiar a compra de imóveis para clientes pessoa física que queiram adquirir unidades construídas com recursos de outros bancos. A informação foi confirmada pela própria instituição, cujo orçamento para o crédito imobiliário este ano é de R$ 82 bilhões em todo o Brasil, segundo informações do superintendente regional, Anselmo Cunha.
Além disso, o banco anunciou esta semana a redução dos juros e o aumento do prazo para financiamento de imóveis, medidas que animaram os profissionais do ramo imobiliário. Eles acreditam em uma retomada dos negócios a curto prazo. “Os juros caíram de uma faixa de 10% a 12,25% para imóveis até R$ 800 mil para de 9% a 11,25%”, diz Cunha. A Caixa também elevou de 50% para 70% a cota de financiamento do usado e 80% para novo e retomado.
Mas os executivos do setor acreditam que ainda é cedo para que as medidas tenham impacto sobre lançamentos. Quem quer correr para aproveitar as novas condições para comprar unidades já prontas deve ficar atento à situação legal do imóvel para não fazer um mau negócio.
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“Quem estava pensando em comprar um imóvel de R$ 200 mil vai poder comprar um de R$ 220 mil”
Carlos H. Passos, do Sinduscon
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon), Carlos Henrique Passos, afirma que as medidas anunciadas pela Caixa Econômica Federal devem ajudar a impulsionar as vendas de imóveis novos, por dois motivos: a possibilidade de dividir o financiamento em mais parcelas e o aumento do poder de compra das famílias a partir da redução dos juros.
“Quem estava pensando em comprar um imóvel de R$ 200 mil vai poder comprar um de R$ 220 mil”, exemplifica Passos, que acredita, entretanto, que nesse momento as medidas ainda não são suficientes para que haja uma corrida das construtoras para lançar novos empreendimentos, em função das novas regras anunciadas.
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“Essas medidas que foram anunciadas pela Caixa devem ajudar a dar uma sacudida no mercado”
Samuel Prado, do Creci
Passos assinala também que a decisão do banco estatal pressiona os outros grandes bancos do país a também reduzir os juros. “A Caixa é responsável pela maior parte do financiamento imobiliário no Brasil e, quando não reduz os juros, deixa a concorrência numa situação confortável”, diz o executivo.
O presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Samuel Arthur Prado, também se declara otimista. “Essas medidas devem ajudar a dar uma sacudida no mercado”, avalia.
O sistema Cofeci-Creci, aliás, está prestes a assinar um contrato com a Caixa para a venda de cerca de 40 mil imóveis que foram tomados pelo banco por causa de inadimplência e que vão retornar ao mercado. O Creci ficará com uma comissão de 5%. A Caixa ainda não quer se pronunciar a respeito, mas estima-se que em Salvador haja um pouco mais de 400 imóveis nestas condições.
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“O interessado no imóvel tem que verificar se o condomínio tem ações trabalhistas e dívidas ativas”
Paula Farias, advogada
Questões legais
Para quem se animou com as novas condições e está esfregando as mãos para comprar um imóvel novo, a advogada Paula Farias, especializada em direito imobiliário, lembra que é preciso estar atento às questões legais que envolvem a transação.
“O interessado no imóvel tem que verificar se o condomínio tem ações trabalhistas e dívidas ativas”, afirma a advogada. Pela lei, os apartamentos de um prédio podem eventualmente ser levados a leilão pela Justiça para quitar débitos do condomínio ou do proprietário anterior.
“Se não houver cuidado com a documentação, isso pode causar prejuízo ao comprador, mesmo que ele não tenha relação com o débito existente”, explica a advogada.
O advogado Renato Horta afirma que é necessário ter um valor extra no orçamento para pagamento de algumas taxas. “As principais são custos com cartório para confecção de escritura pública e registro do imóvel, o pagamento do ITBI (que na Bahia se chama ITVI)”, afirma.