Um clérigo egípcio que desapareceu em 2003 de uma rua de Milão, na Itália, em um suposto seqüestro realizado pela CIA (Agência de Inteligência dos Estados Unidos), disse ter sido torturado com choques elétricos e deixado em uma cela onde ratos andavam em seu corpo além de ameaçado de estupro, segundo informou um jornal italiano.
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Corriere della Sera afirmou que Moustafa Hassan Nasr, também conhecido como Abu Omar, deu um depoimento por escrito a promotores de Milão que investigam o suposto seqüestro. Os promotores confirmaram ter recebido tal documento, mas não divulgariam detalhes do seu conteúdo.
Nasr, clérigo egípcio e suspeito de ser terrorista, foi supostamente raptado em uma rua de Milão em fevereiro de 2003. Promotores afirmam que Nasr foi levado de avião para a base ítalo-americana de Aviano para a Alemanha, e de lá para o Egito, onde disse ter sido torturado.
Atualmente ele é mantido em uma estação de polícia em Alexandria, no Egito. Acredita-se que a operação foi parte de um programa da CIA de "rendição extraordinária", onde suspeitos de terrorismo são transferidos a outros países onde alguns deles são supostamente torturados.
Nasr disse que, ao chegar no Egito, foi colocado em uma pequena cela sem iluminação. Ele afirmou ter sido torturado "com choques elétricos", esmurrado, estapeado, e forçado a andar em um pé só com as mãos amarradas, de acordo com o jornal. Ele foi interrogado sobre sua vida fora do Egito e mostrou fotos de colegas egípcios e norte-africanos que vivem na Itália. "O interrogatório durou sete meses, desde 14 de setembro, mas parece que foram sete anos", escreveu, segundo o diário italiano.
Nasr disse que em determinado momento foi transferido para outra construção, onde foi mantido por mais seis meses. "Quando perguntei pelo banheiro, disseram que era a minha cela", Nasr teria afirmado em seu depoimento. "A cela não tinha ventilação, baratas e ratos andavam sobre meu corpo".
"Os guardas tiraram a minha roupa e ameaçaram me estuprar", disse Nasr, descrevendo outros abusos físicos e torturas que sofreu. Promotores italianos afirmaram que a operação que levou Nasr ao Egito foi conduzida por agentes da CIA com auxílio de agentes italianos. Eles devem indiciar em breve 26 americanos e vários membros da inteligência italiana.