O nome do primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, não está em nenhuma das cédulas das eleições que ocorrerão amanhã na ilha britânica, no qual serão eleitos 129 deputados do Parlamento escocês, mais de 10 mil representantes de conselhos locais na Inglaterra e 1.200 na própria Escócia, além de 60 membros da Assembléia do País de Gales. Mas a votação é o teste - ou o golpe - final para a popularidade de Blair, que deve deixar o governo nas próximas semanas.
"Um número significante de pessoas irá usar o voto como um protesto contra o primeiro-ministro", afirmou Dave Edler, candidato do Partido Verde pelo distrito eleitoral de Bath, a 185 quilômetros de Londres. Diante de sua baixa popularidade, principalmente por causa da guerra no Iraque, Blair pediu aos eleitores escoceses que não apóiem o Partido Nacional Escocês (SNP), de oposição, "simplesmente para me dar um último chute no momento em que estou de partida". A ironia é que o próprio Blair é escocês.
As últimas pesquisas, entretanto, mostraram que o SNP deve obter mais cadeiras no Parlamento em Edimburgo que o Partido Trabalhista de Blair. Aproveitando a insatisfação geral com os dez anos de governo trabalhista em Londres, o SNP promete pôr fim à união entre a Escócia e a Inglaterra, que completa 300 anos esta semana, convocando um referendo sobre a independência até 2010.
"Dê-nos os próximos três ou quatro anos para mostrar que podemos cuidar das coisas. E então as pessoas poderão ter confiança para avançar rumo à independência", repete George Kay, do SNP, em suas visitas diárias a residências escoceses em busca de votos. O mais famoso porta-voz do movimento separatista, o ator Sean Connery, fez campanha pelo SNP e disse que "não haverá melhor oportunidade que agora para caminhar em direção à independência".
Líderes do SNP falam na perspectiva de tomar posse das receitas bilionárias do petróleo do Mar do Norte e transformar este país montanhoso de 5 milhões de habitantes num Estado próspero e independente no norte da Europa, como a Noruega e a Finlândia. Já os defensores da união argumentam que o casamento de 300 anos tem sido um sucesso retumbante não só para a Grã-Bretanha, mas também para a Escócia. O índice de emprego e os salários do país ficaram acima da média britânica durante a maior parte dos últimos quatro anos. A Escócia tem um setor de serviços financeiros em franco crescimento e intimamente ligado à Inglaterra.
"Os nacionalistas esquecem convenientemente que, em 10 dos 11 setores industriais escoceses, o comércio com o restante do Reino Unido representa um mercado maior que a soma de todo o nosso comércio com o restante do mundo", disse Brown na semana passada a líderes empresariais em Edimburgo.