O presidente do Parlamento Europeu, o alemão Hans Gert Pöttering, ameaçou hoje a China com boicote aos Jogos Olímpicos de Pequim, devido a forte repressão contra a população tibetana, e pediu ao Governo chinês que negocie com o Dalai Lama.
"Não podemos descartar um boicote às Olimpíadas. Queremos que os Jogos se realizem com sucesso, mas não se o preço para isso for um genocídio cultural dos tibetanos de que fala o Dalai Lama", disse o político conservador, em declaração que será publicada amanhã no jornal alemão "Bild am Sonntag".
"Pequim deve se decidir e negociar imediatamente com o Dalai Lama. Se não perceber sinais de aproximação, considerarei legítimas as medidas de boicote", afirmou Pöttering.
O presidente do Parlamento anunciou que, na próxima quarta-feira, será abordada na Câmara européia a situação do Tibete e disse que aconselhará os países da UE a "se pronunciarem com uma só voz pela defesa dos direitos Humanos".
Pöttering lembrou que a China é "um importante parceiro para a Europa em questões como defesa do meio ambiente" e destacou a importância da cooperação em "interesse mútuo".
"Mas o povo tibetano não deve ser sacrificado em prol disso, porque perderíamos nossa auto-estima", concluiu o político, da União Democrata-Cristã (CDU), mesmo partido da chanceler alemã Angela Merkel.
O Governo de Berlim deu prazo para que a China preste contas sobre o que aconteceu no Tibete.
Segundo o ministro de Assuntos Exteriores alemão, Franz Walter Steinmeier, a China deve ser mais aberta à opinião pública, sobretudo com a proximidade dos Jogos Olímpicos.
"Fazer espetáculos brilhantes para a televisão enquanto no próprio país reina o caos, é algo que já não pode acontecer hoje em dia", disse Steinmeier, em declarações ao jornal alemão "Bild".
As declarações de Steinmeier acontecem em um momento em que a Alemanha acaba de voltar a uma certa normalidade em suas relações com a China, após as tensões surgidas devido a reunião de Merkel com o Dalai Lama, no ano passado.
A reunião na Chancelaria tinha agitado Pequim, que durante meses, evitou contato com representantes do Governo alemão.