O governo faz a lista dos aposentados das empresas públicas, visando sua demissão, o que, se ocorrer, provocará uma grande perda para o aparelho estatal, seja pelo know-how que os aposentados construíram ao longo de sua carreira ou pelo domínio da engrenagem da máquina estatal, que os mesmos detém e transmitem às novas gerações.
Contrariamente à lista de Schindler que negociou com Goeth (oficial da SS) e à qual constava os nomes das famílias que deveriam ser desviadas para a Tchecoslováquia ao invés de irem para o campo de concentração de Auschwitz, os aposentados das empresas públicas estão compondo a lista dos sacrificados à demissão, para abrir espaços para terceirizados e cargos comissionados, que tem um custo elevado para o governo, logo, não se trata de uma ação de economia, mas discriminatória.
Há de se perguntar: quantos aposentados ou técnicos em idade de aposentadoria estão exercendo cargos no governo e se eles estão em qual lista - a imaginária lista de Schindler (dos que exercem cargos e não serão demitidos) ou a que o governo pretende sacrificar?
A crise é desesperadora para a classe trabalhadora com o desemprego crescendo e os aposentados (ativos) tendo que abrigar seus filhos, empurrados para o desemprego. A contradição disso tudo é que o pressuposto é enxugar a folha das empresas públicas, que estão inchadas se esquecem que isso decorrem dos excessos de cargos comissionados, agregado à contratação de terceirizados, mecanismo utilizado para beneficiar os amigos empresários, que sempre ganham as concorrências de terceirização face a influência dos seus agentes dentro do governo.
O ciclo de crise que enfrentamos tem sua raiz na corrupção e má gestão pública que devastam o país, entretanto, querem jogar a conta da irresponsabilidade dos nossos governantes nas costas dos trabalhadores, através do arrocho salarial e da tentativa de demissão dos aposentados.
Anilton Santos l Arquiteto e urbanista l anilton.ssilva@gmail.com