Policiais federais cumpriram 11 mandados de busca e apreensão na Bahia
O ex-ministro das Cidades e conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM-BA) Mário Negromonte foi um dos alvos da Operação Politeia - um desdobramento da Operação Lava Jato - deflagrada nesta terça-feira, 14, pela Polícia Federal.
Foram realizadas buscas no gabinete do conselheiro no TCM e em sua residência, no Alto do Itaigara. A TARDE apurou que a PF também foi à casa de um ex-assessor de Negromonte, Tiago Cavalcanti, casado com uma sobrinha do vice-governador João Leão (PP), este último também investigado na Operação Lava Jato, a exemplo de Negromonte.
Secretário de Transportes na gestão do ex-prefeito João Henrique, José Mattos também teria recebido a visita da Polícia Federal em sua residência, no Horto Florestal. Em 2012, o PP, partido ao qual era filiado Mattos, cogitou lançá-lo candidato a vice-prefeito na chapa de Nelson Pelegrino (PT).
Mattos não atendeu aos telefonemas da reportagem, assim como Negromonte, Cavalcanti e Leão.
Por meio de nota, Negromonte disse reiterar "seu irrestrito intuito de colaborar com a investigação, inclusive com a entrega espontânea de todos os elementos considerados indispensáveis pelas autoridades". O conselheiro, que não foi trabalhar ontem, afirmou ainda que a investigação "apontará a sua inocência".
Por meio da assessoria do tribunal, o presidente do TCM, conselheiro Francisco Netto, afirmou que não se pronunciaria sobre a ação da PF no gabinete de Negromonte.
Filho de João Leão, o deputado federal Cacá Leão negou que qualquer mandado de busca e apreensão tenha sido cumprido na casa do pai. Cacá afirmou que Leão tinha viajado ao município de Canavieiras, para cumprir agenda.
Operação nacional
Segundo a Polícia Federal, a operação tinha como objetivo o cumprimento de 53 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), relativos a seis processos instaurados a partir de provas obtidas na Operação Lava Jato.
Expedidos pelos ministros Teori Zavascki, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski, os mandados estavam distribuídos da seguinte forma: Distrito Federal (12), Bahia (11), Pernambuco (8), Alagoas (7), Santa Catarina (5), Rio de Janeiro (5) e São Paulo (5). Cerca de 250 policiais federais participaram da ação.
A PF não divulgou os nomes ou endereços onde foram cumpridos os mandados. Os agentes da PF foram às casas do senador Fernando Collor (PTB-AL), em Brasília e em Maceió, nas do senador Ciro Nogueira (PP-PI) e do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), em Brasília.
João Leão
Um dos mandados de busca e apreensão da Operação Politeia, desdobramento da Operação Lava Jato, foi cumprido em Lauro de Freitas, na residência do casal Tiago Cavalcanti e Karine Leão.
Cavalcanti já trabalhou como assessor do ex-ministro Mário Negromonte, hoje conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-BA). Atualmente, é diretor de finanças na Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento, comandada pelo PP.
Karine, por sua vez, é sobrinha do vice-governador João Leão. Em 2014, se candidatou a deputada estadual, pelo PP. Recentemente, foi mencionada em reportagem da Folha de S. Paulo como beneficiária de uma bolsa-auxílio paga a estudantes carentes pela Assembleia Legislativa da Bahia.
Em sua página no Facebook, Karine diz trabalhar como assessora de comunicação e marketing na prefeitura de Lauro de Freitas.
Lá, no entanto, a informação é que Karine trabalhou em 2013 na Secretaria da Juventude do município, reduto da família Leão. Procurada, Karine disse desconhecer a ação da PF em sua casa. "Estou em viagem", afirmou. Já Cavalcanti não atendeu às ligações.