BMW Série 5 Li apresentou versões alongadas dos modelos originais
Cada salão automotivo tem sua identidade – Genebra é o dos esportivos; Japão é o dos conceitos futuristas; Detroit, Paris e Frankfurt equilibram estreias mundiais com interesses locais, mas nenhum oferece experiência tão singular quanto os chineses, alternados entre Pequim nos anos pares e Xangai nos ímpares.
É neles que o visitante entende a força do mercado automotivo local, o maior do mundo. Em sua 17ª edição, Xangai foi palco do lançamento dos sedãs Jaguar XEL e BMW Série 5 Li, que são versões alongadas (em 120 mm e 133 mm, respectivamente) dos modelos originais. Dá trabalho esticar o entre-eixos de um carro, mas como dizer não a um mercado que no ano passado vendeu mais de 28 milhões de unidades? Afinal, o cliente tem sempre razão.
Houve também apresentações para o mundo, e não apenas para a China. É o caso do Mercedes-Benz Concept A Saloon, protótipo do que será o futuro Classe A com três volumes. Atrasado em relação aos rivais Audi A3 sedã e BMW Série 2 sedã, estreará até o final do ano em sua versão de produção.
Na Audi, a estrela foi o e-tron Sportback, SUV com contornos de cupê e propulsão elétrica. Programado para 2019, é uma resposta direta ao também SUV-cupê elétrico Jaguar I-Pace.
Entre os futuristas, destaque também para o RS 2027 Vision, uma tradução de como a Renault imagina os bólidos da Fórmula 1 daqui a dez anos. Com sistema híbrido, produzirá 1.340 cv.
Carros mais próximos da realidade também tiveram espaço, como o Citroën C5 Aircross, SUV de grande porte da marca francesa que começará a ser vendido na China no final do ano. Quem esteve no evento também viu de perto os traços do novo Ford EcoSport, que estreará no Brasil no início do segundo semestre.
Cópia ou inspiração?
O traço mais marcante dos salões de Pequim e Xangai, contudo, é a quantidade de marcas locais. Há um pavilhão inteiro dedicado apenas a elas. Em muitos estandes, leva algum tempo até que o visitante encontre o nome ocidental da fabricante, sempre discreto, ao lado do ideograma – isso porque são empresas focadas no mercado local, portanto sem compromisso em comunicar com pessoas que não falem sua língua.
Embora o automóvel chinês esteja evoluindo, o Salão de Xangai deixa claro que copiar carros do ocidente não é transitório, e sim um modo de ser da indústria chinesa. Para eles, trata-se de uma homenagem.
Exemplos em Xangai não faltaram. Coloque o Landwind X7 ao lado do Land Rover Evoque: será difícil distinguir o original. O mesmo ocorrerá com o Zotye SR9 e o Porsche Cayenne, enquanto o Baic BJ80 é uma caricatura ridícula do Mercedes Classe G.
E não é só do lado de fora que vem a "inspiração". O slogan da Zinoro diz: "Na China, para a China, com chineses", mas é da BMW que vem o estilo da cabine dos dois únicos SUVs expostos em seu estande.
Talvez o mais original que a China esteja fazendo atualmente seja a Lynk&Co, marca criada a partir da união entre Geely e Volvo (a primeira é dona da segunda). Seu primeiro carro é o 01, que promete ser o modelo mais conectado do mundo.
Segundo a empresa, o SUV será o automóvel chinês a ser vendido em grande escala na Europa, mercado no qual a exigência por segurança e qualidade é elevada.
Sua propulsão é elétrica e a plataforma é modular, tendência mundial. Mais do que tecnológico, é uma gratificante amostra de que na China nem tudo se copia, mas também se cria.
MB Concept A Saloon

A Mercedes-Benz apresenta a prévia do Classe A, que indica também o direcionamento visual da linha no futuro. O modelo rivaliza diretamente com Audi A3 sedã e BMW Série 2 sedã.
Renault RS 2027 Vision

O conceito de corrida RS 2027 Vision da Renault representa o que a marca espera ver na Fórmula 1 em dez anos. Partes do carro, que entrega cerca de 1.360 cv, foram feitas por uma impressora 3D.
Lynk&co lança 01

A Lynk&Co, marca criada da união entre Geely e Volvo, lançou seu primeiro carro: O 01. O SUV tem a proposta de ser o carro mais conectado do mercado e estará sempre conectado à internet.