Kwid tem 3,68 m de comprimento, 2,42 m de entre-eixos, 1,58 m de largura e 1,47 m de altura
Vender um carro abaixo da barreira dos R$ 30 mil tornou-se missão quase impossível nos últimos dez anos. Talvez por isso o Renault Kwid tenha sido lançado, na última semana, com uma fila de espera que se arrasta até novembro.
Partindo de R$ 29.990 na versão Life, é o segundo carro mais barato do Brasil, atrás somente do Chery QQ, compacto chinês que sai por R$ 25.990. Ainda que a maior parte das unidades já faturadas – num esquema de pré-venda iniciado em junho, com reserva de R$ 1 mil parcelados em três vezes no cartão de crédito – seja da configuração Zen (R$ 35.990), o fato de uma marca grande ter novamente à venda um modelo cujo primeiro dígito do preço comece em "2" certamente atraiu centenas de interessados.
Mas não há milagre: a versão inicial é quase um déjà-vu dos populares dos anos 1990. Não traz direção assistida, rádio e ar-condicionado, entregando apenas abertura interna do porta-malas, banco traseiro rebatível e desembaçador do vidro traseiro.
Apenas na Zen surgem itens que se tornaram essenciais, mesmo no segmento de entrada. A lista é ampliada com ar-condicionado, direção com assistência elétrica, vidros e travas elétricos, alerta sonoro de faróis acesos e limpador do vidro traseiro.
Computador de bordo, chave-canivete, retrovisores elétricos e sistema multimídia com GPS e câmera de ré só na Intense, de R$ 39.990.

Emergente
O Kwid nasceu na Índia, em 2015, exclusivamente para atender a mercados emergentes. No ano passado, levou nota zero no crash-test promovido pelo Global NCAP, órgão de segurança asiático. Consumidores brasileiros, contudo, não precisam se preocupar: "Refizemos a parte estrutural do carro, que foi o ponto crítico do teste. Podemos dizer que é praticamente outro automóvel, bem diferente do indiano em termos de segurança", explica Charles-Emmanuel Courtois, engenheiro responsável pelo Kwid brasileiro.
Além do reforço, traz de série quatro air bags e sistema Isofix de ancoragem de cadeirinhas infantis de série. Nem o mais caro dos concorrentes entrega tal combinação.

Como anda
Não é fácil se ajeitar ao volante do Kwid. Sem ajuste de altura do volante ou do banco, o motorista vai tentando malabarismos para achar a posição ideal, que pode nunca ser encontrada. O jeito é se conformar com o assento um tanto longe dos pedais e o encosto mais inclinado do que se gostaria.
Primeira marcha engatada e o Kwid começa a empolgar. O motor é sempre o 1.0 SCe de três cilindros, de 66 cv de potência e 9,4 kgfm de torque com gasolina e 70 cv e 9,8 kgfm com etanol.
Aliado ao leve peso (que vai de 780 kg da versão mais espartana a 798 kg da mais equipada), garante arranques mais ariscos do que se espera de um popular. As trocas de marchas são feitas por um câmbio mais preciso do que o usado na dupla Sandero/Logan, fabricado no Chile.
Os espaço é bom para as pernas, mas lateralmente o Kwid é pequeno. Os dois ocupantes da frente podem vir a esbarrar seus braços. O acabamento é coerente com os R$ 29.990, sem texturas reconfortantes, mas também sem ofensas, como rebarbas e desencaixes. Destaque para o prático porta-objetos à frente da alavanca do câmbio.
É cedo para cravar se o Kwid se tornará líder do mercado como deseja a Renault. Contudo, ao estrear uma nova era de compactos realmente populares, mas também econômicos e seguros, suas chances de protagonismo são grandes.