A TARDE Autos avalia versão topo do SUV compacto há mais tempo vendido no país
Em meio à renovação da Ecosport 2018, testar a versão Titanium, que representará apenas 20% do seu mix foi uma grata surpresa. Fabricada em Camaçari, a novidade testada tem o novo motor 2.0 Direct Flex 16V de 176cv (etanol) e 22,5 kgfm de torque, já conhecido no Focus e tem redimento muito superior ao moroso 2.0 antigo de 147cv. Este novo casamento com o câmbio automático de seis marchas representou o divórcio da transmissão Powershift e tornou o carro mais vigoroso e leve, embora não tão econômico para os padrões atuais – obtendo classificação B no Inmetro.
O design ficou mais harmônico na versão topo, que tem melhorias em prol da sua aerodinâmica e farois maiores, linhas mais agressivas, com ressalva para a parte traseira que pouco mudou e manteve o estepe preso à tampa do porta-malas. No interior é que realmente o Ecosport se mostra à altura dos seus “inimigos”.
Bem recheada, a versão Titanium tem acabamento digno de um carro do seu preço: R$ 93.990, uma diferença de R$ 20 mil em relação à versão SE, de entrada, com o moderno motor 1.5 Dragon de três cilindros de 137cv (etanol) a 6.500 rpm e 16,1/15,6 kgfm de torque a 4.500. No novo painel emborrachado, os comandos ficam bastante à mão, e o volante dos irmãos mais caros dá uma aparência mais refinada ao Ecosport. Na parte central, tudo é intuitivo mas o comando do ar condicionado ficou mais baixo do que deveria. A tela multimídia de oito polegadas tem uma interface bastante dinâmica e fácil com o sistema Ford Sync 3, espelhamento para smartphones com sistema Android Auto e Car Play e boa visão das câmeras e comandos do veículo, algo que a versão antiga ficava devendo.

Nossa reportagem rodou cerca de 500 quilômetros com o veículo, que marcou consumo entre 7,4Km/l no percurso urbano e 8,4Km/l no trajeto rodoviário. Nesse caso, fica clara a preocupação da montadora em oferecer na versão Titanium um produto feito para quem prioriza o desempenho e não o consumo, e nisso a Ecosport é soberba.
Compacta, ela chega a ser bem menor que seus concorrentes mais vendidos, notadamente o Hyundai Creta (que vem crescendo nas vendas), a líder HR-V e também o Renegade, que são, em média, 20cm mais longos. Com entre-eixos de 2,52, menor que vários carros de passeio, o espaço para quem viaja atrás chega a ser apertado para os mais altos e apenas suficiente para quem está na frente. O porta-malas de 356 litros melhorou com o duplo compartimento mas também fica abaixo dos SUVs compactos da concorrência como o Creta (431 litros), HR-V (437 litros) e Kicks (432 litros) mas bem melhor que o Renegade com apenas 260 litros.

Como já provado em outras unidades avaliadas no lançamento do carro, em julho, a dirigibilidade continua muito boa, e a suspensão melhorou principalmente no quesito de rolamento da carroceria em curvas. Em outras palavras, ela ficou bem mais estável, outro ponto crítico da versão anterior segundo seus proprietários.
Em versão única, Ford investiu em equipamentos
Equiparada a vários veículos do segmento, a nova Ecosport Titanium 2.0 é bem completa. Além do kit multimídia com Ford Sync 3 ela tem duas entradas USB, sensor de chuva, acendimento de farois automático e luzes diurnas em LED, monitor de pressão dos pneus, partida sem chave feita por meio de um botão à direita do volante, teto solar, câmera de ré com sensores de estacionamento e ponto cego, retrovisor elétrico e fotocrômico com alerta de mudança de faixa e um sensor de tráfego cruzado com aviso para carros que se deslocam lateralmente, útil para sair da garagem de casa, por exemplo.
Só na versão avaliada a Ecosport tem ar condicionado digital de uma zona, que na unidade testada emitiu um incômodo barulho quando ligado no máximo.
Em termos de segurança, nos crash tests realizados em 2013 pelo N-Cap, ela obteve 14,64 pontos de um máximo de 17. Para crianças, o modelo da Ford foi avaliado com três estrelas. A Ecosport foi o primeiro veículo brasileiro que obteve nota máxima nos testes de colisão e vem com sete airbags de série.

Nosso veredicto
É notável a evolução da Ecosport na versão 2018 em todas as suas versões. Prestes a completar 15 anos de mercado, a segunda geração foi marcada por erros como o uso do câmbio Powershift, a suspensão imprecisa e o acabamento empobrecido.
O trabalho de engenharia da Ford foi muito feliz em melhorar o veículo que já foi o mais vendido do segmento. Com o tempo, porém, a Ecosport passou a sofrer um ataque de todos os lados com produtos equivalentes em preço e nível de equipamentos. Primeiro foi o Renault Duster, que roubou uma boa parte dos seus compradores e a partir de 2014 a batalha ficou ainda mais difícil com novidades como o Jeep Renegade, Nissan Kicks, Chevrolet Tracker, Peugeot 2008, Renault Captur e mais recentemente, os líderes Honda HR-V e Hyundai Creta. O tempo fez muito bem ao Ford Ecosport. Agora, resta saber se o os consumidores que migraram para outros produtos, estão dispostos a apostar novamente nestas melhorias de um SUV compacto e mais maduro.