Retomada das vendas de veículos novos traz de volta uma dúvida: comprar agora por financiamento ou programar a compra em um consórcio?
As vendas de veículos zero quilômetros voltaram a crescer após três anos de contínua recessão. Com maior oferta de crédito pelos bancos, o financiamento já voltou a representar 60% do volume de vendas.
De acordo com os dados da Unidade de Financiamento da Cetip, em janeiro, as vendas financiadas de veículos novos e usados somaram 458.522 unidades. Este número representa um aumento de 14,3% em comparação com o mesmo mês em 2017. Os números do consórcio também foram favoráveis. Os relatórios da Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios), mostram que de janeiro a novembro de 2017, o setor movimentou R$ 42,63 bilhões contra R$ 38,08 bilhões do mesmo período de 2016, alta de 12%.
Mas afinal, qual a melhor modalidade de compra a prazo? Para o economista Júlio Trindade, tudo vai depender do objetivo do comprador em relação ao tempo que ele deseja ter o carro. “O consórcio é uma alternativa para quem quer comprar um veículo, mas não tem a quantia suficiente em mãos ou não tem pressa para adquiri-lo, levantado em consideração que os juros do financiamento são maiores que os do consórcio”, explica.
O consórcio
A modalidade da compra por meio do consórcio começa com a formação de um grupo de pessoas com o objetivo de juntar uma poupança para a aquisição do carro. Todos os integrantes realizam contribuições mensais por um período definido anteriormente. A cada mês, um dos integrantes é contemplado. Os pagamentos continuam até que todos recebam a carta de crédito. Flávio Ceschini, da Salvador Consórcio, explica que há duas formas de ser contemplado, ou seja, receber a carta de crédito no valor do bem escolhido, “sorteio mensal ou com um lance que corresponde a um percentual do valor do carro. Para ser contemplado, o lance deve ser de 20% a 50% do valor total do carro", ressalta. Se um consórcio tiver, por exemplo, duração de 48 meses, a pessoa pode ser sorteada no primeiro ou no 48º mês. Por isso, é preciso ter paciência.
A compra por consórcio é favorável tanto para quem deseja adquirir um carro zero ou para um seminovo, já que não é preciso pagar a entrada e a única taxa a ser paga mensalmente é a da administração. No carro novo as vantagens são ainda maiores, levando em consideração a taxa de administração menor (0,15% ao mês) e o veículo não passa por avaliação. No consórcio de seminovo, a avaliação é obrigatória e a taxa de administração cresce.
É importante lembrar que, para ter certeza que está investindo seu dinheiro com segurança, o consumidor deve verificar as condições da administradora. Só podem administrar grupos de consórcios empresas que contam com autorização emitida pelo Banco Central, que avalia a capacidade financeira, econômica e gerencial da administradora.
O financiamento
Já no financiamento a vantagem é permitir a posse imediata do carro, mas com um custo mais alto mesmo com a queda expressiva das taxas de financiamento. No geral existem três tipos de financiamento. O primeiro e mais comum, é aquele em que a instituição financeira fornece o crédito com juros normais de mercado (entre 1,60% e 1,99% mensais). Há também o subsidiado pelos fabricantes, com taxas menores, às vezes até a famosa “taxa zero” que merece atenção do consumidor. E, por fim, a que garante a recompra do veículo financiado, onde normalmente, o cliente utiliza o próprio carro para dar entrada na troca por outro zero.
Ao optar por um financiamento, o consumidor deve observar além da taxa cobrada, o chamado Custo Efetivo da Transação (CET), onde estão estão incluídos taxas e impostos cobrados na operação financeira. O economista ressalta que o importante é conferir quanto ficará o valor da parcela. “Se o cliente, por exemplo, quer comprar um carro de R$ 40 mil e tem R$ 10 mil de entrada, ele deve observar quanto será o valor da prestação e comparar”, explica.
Simulação
Mas para decidir qual opção é mais vantajosa, é preciso resolver uma equação matemática. Vamos tomar por exemplo um veículo no valor de R$ 30 mil que deverá ser pago em um prazo de três anos. Com o Custo Efetivo Total, que inclui juros, taxa de cadastro de abertura de crédito, IOF e emissão de boleto, o consumidor pagaria, oferecendo R$ 10 mil de entrada com juros de 1,53%, o total de R$ 37.087,94.
Já para a obtenção de uma carta de crédito de R$ 30 mil no prazo de 70 meses pela Caixa Econômica Federal as condições são bem diferentes. As taxas inclusas na parcela são: taxa de adesão 1%, taxa de administração 14%, seguro 0,0680% e fundo de reserva 3%, que será devolvido no final do consórcio. O cliente pagará pelo veículo um total R$ 35.420,40.
Veredito
Resumindo: para quem tem muita pressa em adquirir o veículo, o financiamento é mais adequado e vale a indicação de pesquisar taxas menores de financiamento, agora que os bancos estão mais dispostos a oferecer crédito.
Mas, se a pessoa puder esperar por alguns meses, e tiver pelo menos metade do valor da carta de crédito (que quita o valor do carro à vista) desejada, pode compensar usar para fazer um lance contemplável, e, conseguindo o veículo, pagar as prestações, mais baratas, do consórcio.