Marco Antônio Jr.
Avaliamos a versão xls topo de linha, que traz luxos feitos para conquistar, sobretudo, clientes da própria
O Yaris ocupa uma faixa de preço interessante que há tempos era uma promessa da Toyota para o mercado brasileiro. Apesar do sucesso do Etios, faltava um carro com design mais bem resolvido e os mesmos atributos que trazem e fidelizam consumidores para a marca japonesa.
O Yaris tem tudo isso, ao andarmos por 500 km com a versão sedã XLS, a mais cara da gama, vendida por R$ 79.990,00. Por este valor, o sedã traz motor 1.5 Flex de até 110 cv (etanol) e 14,9 kgfm derivado do Etios e câmbio automático do tipo CVT Multidrive usado no Corolla, com direito a paddle shifts atrás do volante.
Por dentro, o carro impressiona pelo espaço interno, o piso traseiro plano e seus suficientes 2,55 m de entre-eixos. Com boa ergonomia, fica devendo um ajuste longitudinal na coluna, mas exibe bancos largos forrados com couro.
O teto solar e os sete air bags são mimos interessantes para sua faixa de preço, que o colocam abaixo do Honda City e do Volkswagen Virtus, na mesma faixa de equipamentos.
Como sedã que se preze, tem 473 litros de capacidade para o porta-malas, menos que os competidores, mas não parece. Fato é que o Yaris é mais do que um "rostinho bonito" e vai provocar a concorrência e não apenas estimular os donos do Etios a terem um carro mais bem resolvido em termos de design.

No dia a dia
O Yaris sedã tem pose de sedã médio pelo lado de dentro. Seu acabamento é condizente com sua proposta e menos ousadia no estilo visto do lado de fora. Tem retrovisores grandes, painel generoso mas sem exageros, combinando elementos analógicos e digitais e um não tão prático Eco-Driving, que mostra gráficos e dados sobre o rendimento do combustível. É questão de aprender.
A direção elétrica é leve à medida, e o câmbio explora bem a potência do motor com uma configuração voltada para o consumo reduzido e destaque para o controle de estabilidade, de tração e auxiliar de partida em rampas.
Durante o nosso teste, feito com gasolina, ele se mostrou frugal com média de 12,1 km/litro na cidade e até 14 km/litro em trechos rodoviários. Ponto a melhorar é o ruído interno nas acelerações. Sempre que exigido, mostra que a engenharia da Toyota desenvolveu o Yaris para economizar e não para entregar desempenho devido a sua lentidão nas retomadas e aceleração de 0-100 km/h na casa dos 12s, segundo a montadora.
A suspensão foi reforçada e elevada em 13 mm na versão brasileira do Yaris, que se sai bem na prova dos buracos e quebra-molas do nosso país, mesmo raspando um pouco em algumas valetas.
Para o entretenimento, a Toyota também abriu mão da velha multimídia e adotou um novo equipamento desenvolvido com a Harman, assim como os seis alto-falantes, mas que não se entende com o espelhamento Apple CarPlay ou Android Auto. Ainda assim traz sistema de navegação Waze nativo e um visual mais moderno combinando azul com cinza e preto, sem exageros. O botão que escurece a tela de sete polegadas também é útil na cidade, mas especialmente na estrada, ocultando o excesso de luz da tela.

Demorou?
O Yaris chegou exatamente 15 anos após o Honda Fit, onde ele concorrerá na versão Hatch, e nove anos após a chegada do City. Mas isso não quer dizer que será tarde demais. O compacto da Toyota mostra um desenho atual, que também não é seu grande chamariz, mas mostra no conjunto a que veio. Traz a boa reputação da marca, mecânica confiável e com baixo custo de manutenção, espaço interno bom e nível de equipamentos superior ao dos concorrentes.
A intenção de tamanha racionalidade é conquistar os clientes que já tiveram ou esperam mais do Etios e não têm o orçamento para adquirir um Corolla. Veio na medida certa, mas o tempo dirá como ele sai na vida real e no concorrido mercado de veículos numa lista que inclui o Volkswagen Polo, o Honda Fit, o Ford Fiesta e versões mais caras do Fiat Argo, no caso do hatch, além do City e do Cronos no sedã.