SUV da Nissan está na lista dos 10 mais vendidos
Quieto no seu canto, o SUV pequeno/médio Kicks não é um campeão de audiência no mercado de SUVs pequenos, não é a opção mais comentada do segmento, mas desde o seu lançamento no país, em 2016, se destacou nas vendas. Um ano depois, a Nissan deixou de importar o modelo do México e passou a fabricá-lo em sua fábrica de Resende (RJ), e as vendas ficaram ainda melhor – atualmente está atrás apenas do Jeep Renegade e disputa com o Jeep Compass a condição de segundo mais vendido do segmento de utilitários esportivos. Sua grande virtude é, sem dúvida, o baixo consumo de combustível e o estilo de sua carroceria, cujas linhas sugerem uma leve semelhança com o Hyundai Creta.
O caderno Autos avaliou a versão SL com câmbio automático, a top de linha, avaliada em R$ 98 mil e notou algumas situações anacrônicas. Dinamicamente, a estabilidade passa boa sensação de eficiência e segurança em pisos regulares, mas se o terreno é irregular o eixo traseiro é bastante ruidoso; outro ponto positivo foi consumo de combustível, destaque obtido às custas de um desempenho nada entusiasmante. Em questões de estilo e acabamento, outros anacronismos: a carroceria tem linhas agradáveis e marcantes, mas internamente o estofamento do painel não atinge a proposta de refinamento, deva-se dizer um detalhe subjetivo.
Pontos fracos
Utilizar o Nissan Kicks é uma tarefa agradável graças a detalhes como a chave que destrava portas e porta-malas por controle remoto e as possibilidades de regular o volante em altura e profundidade, detalhe que auxilia sobremaneira a encontrar a melhor posição de pilotar e ler o painel de instrumentos. Aqui notam-se dois pontos que pedem melhor solução: há uma mistura de velocímetro analógico com conta-giros digital, que pode ser eliminado para permitir a exibição de outras informações. O comando para isso está na haste central esquerda do volante com arco inferior achatado. O outro ponto negativo é a ausência de piloto automático, embora a haste central direita mostre que há espaço para tal acessório.
No centro do painel está uma tela de 7”, que, entre facilidades já tornadas padrão, oferece a visão gerada por quatro câmeras e exibida em duas imagens: uma delas mostra visão da câmera de ré e a outra processa essa imagem com a gerada por câmeras instaladas na frente do veículo e na base dos espelhos retrovisores (de comando elétrico), para oferecer a visão 360°, bastante útil para evitar aqueles pequenos incidentes que normalmente não seriam vistos. Entender e utilizar essa facilidade demanda dose mínima de prática e, particularmente, acreditar na tecnologia; uma vez superada essa fase, é só alegria para o proprietário, e uma certa tristeza para quem ganha a vida com o famoso martelinho de ouro, sem falar no aditivo de segurança para pessoas e pequenos animais que escapariam da visão do motorista sem esses recursos.
Acabamento
O acabamento interno do Nissan Kicks atenua a sensação de plástico com o estofamento do painel em tecido igual ao revestimento dos bancos e que o fabricante classifica como couro. A opção de ter tal acabamento em cores claras é louvável e agradável, desde que os usuários mais novos do veículo não tenham o hábito de se alimentar a bordo. O banco do motorista com ajuste de altura é um ponto favorável para encontrar a melhor posição de dirigir; já o tamanho dos quebra-sóis impressiona mais pelas suas dimensões extragenerosas do que pela funcionalidade.
Mecanicamente o Kicks é dependente de motor HT 16 DE, que oferece baixa potência específica para os padrões atuais (71,25 cv/1.000 cm³ e 10 cv/kg), e transmite sua potência (114 cv a 5.600 rpm) e torque (15,5 kgf-m a 4.000 rpm) às rodas dianteiras através de um câmbio CVT que atua por conversor de torque. Os freios são apresentados na tradicional combinação discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, padrão semelhante à suspensão dianteira, que funciona pelo sistema McPherson. Na traseira está instalado um eixo com barra de torção.
Prazer ao dirigir
Se desempenho esportivo é um fator importante para sua decisão, procure outras opções, mas se você valoriza o prazer de dirigir sem pretensões de andar rápido, o conforto interno (valorizado por assentos confortáveis) e concentra sua utilização em ruas e estradas pavimentadas decentemente, na muito na cidade, consumindo doses racionais de combustível, a história é bem diferente. Em números do Inmetro, o Kicks é notadamente mais econômico que os rivais Renegade Limited e Creta One Million 1.6.
Em resumo, cabe lembrar a característica dos carros japoneses fabricados no Brasil: são funcionais e duráveis acima de tudo, mas não transmitem a emoção, até mesmo a sensação de sofisticação, daqueles de origem europeia. No caso dos SUVs nota-se ainda que o Jeep Renegade, líder do mercado, tem seu sucesso ligado à origem ‘pau pra toda obra’ do modelo militar que consolidou a marca. Dá para imaginar quando os modelos de alta produção da Nissan ganharem alguns pares do DNA empregado nos icônicos Nissan 350z e GT-R, cupês superesportivos de alto desempenho.