Sangue novo no Polo Industrial de Camaçari
No auge da maturidade, o Polo Industrial de Camaçari celebrou 40 anos em maio do ano passado. Em meio às comemorações era impossível não falar de crise ou esconder a preocupação a respeito do futuro deste complexo que responde por um quinto do PIB (Produto Interno Bruto) e quase um terço das exportações da Bahia. São 90 empresas em operação, 15 mil empregos diretos e 30 mil indiretos, R$ 1 bilhão em ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e 15 bilhões de dólares em faturamento anual.
Neste cenário de crise e desaquecimento, que afeta sobretudo a indústria, é confirmada a notícia de que a cidade de Camaçari foi escolhida para a instalação da montadora de veículos militares da VSK Tactical Brasil, empresa que fornece bens e serviços a militares, polícias e outras agências governamentais. O município disputava o investimento com Feira de Santana, mas toda a infraestrutura e benefícios do complexo, somada à cadeia de fornecedores da fábrica da Ford, são fatores importantes para a nova montadora.
Esse é um investimento modesto, cujo anúncio nem de longe lembra a euforia criada pela inauguração da fábrica da Ford, em 2016. A VSK Tactical Brasil vai investir US$ 50 milhões (cerca de R$ 200 milhões) para a produção do J8, veículo de uso militar, que pertence ao Departamento de Estado Norte-Americano. A unidade industrial deve absorver cerca de 50 empregos diretos e 200 indiretos.
A Ford foi a primeira montadora a investir em fábrica no Nordeste, e, quando iniciou a produção na Bahia, a unidade foi reconhecida pela inovação, única no Brasil a abrigar todo o processo de produção. Os modelos Fiesta hatch, Fiesta sedã e EcoSport eram desenhados modelados e montados no complexo que criava um novo paradigma de gestão na indústria automotiva.
Em abril deste ano, a Ford anunciou o plano de demissão voluntária da fábrica de Camaçari, para se adequar ao enxugamento do mercado e num efeito cascata do fechamento da fábrica em São Bernardo (SP).
O investimento da VSK Tactical em Camaçari chega em um momento difícil para a indústria brasileira – não apenas a automotiva –, que vem perdendo a relevância para a economia brasileira.