Moraes: vantagens do motor flex
Quem segue a meteorologia com frequência está habituado a ouvir e ler sobre frente fria que vem da Argentina e, volta e meia, estraga o fim de semana ensolarado. Fenômeno semelhante afetou os números de setembro, apresentados esta semana pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, a Anfavea. Embora a produção nacional e os emplacamentos no período janeiro-setembro de 2019 já tenha superado os índices respectivos do mesmo período em 2018, a queda de exportação para o principal mercado importador do setor é notoriamente maior que o incremento em exportações para o México e para a Colômbia.
No mercado interno o índice de licenciamentos cresceu tanto em automóveis (de 1.619.074 no período passou para 1.810.024) caminhões (51.546 para 72.097) e ônibus (de 10.480 para 15.196). Isso significa que em nove meses de 2019 já foi superado licenciamento total de 2016 (1.776.900 veículos) e Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, se permite falar em superar 2018 (2.225.900), apesar da queda nas exportações.
“Nossa primeira projeção para a produção de 2019 era de 2,86 milhões de veículos, mas dois fatores nos fizeram reconsiderar esse número para 2,8 milhões. Primeiro, a demora na realização de algumas reformas internas, em particular a da Previdência. Depois, e bem mais sensível, a crise econômica na Argentina”.
A primeira estimativa da Anfavea para 2019 indicava a exportação de 590 mil unidades durante o ano, mas o que se cogita agora é chegar a 420 mil. Do total inicial, 370 mil veículos teriam como destino o país dos Hermanos, que, diante da situação atual, parecem capazes de absorver praticamente a metade dessa cota: 195 mil. Chile e Peru são outros países que também diminuíram suas importações em números mais palatáveis, enquanto México e Colômbia receberam mais automóveis e caminhões made in Brazil.
Acordos
Entre os caminhos para amenizar essa situação a consolidação de novos acordos comerciais e a oportunidade de aproveitar as consequências da febre de carros elétricos e híbridos que afeta várias economias do primeiro mundo, em particular na Europa. O custo de desenvolvimento dessas alternativas pode joga a favor da indústria nacional.
“O investimento para isso assusta a indústria, e, para aproveitar essa chance, seria ideal a proporção de 60% da produção para consumo interno e 40% para exportação. Com os recursos gerados pelo programa 2030 poderemos investir cerca de R$ 200 milhões anuais, durante cinco anos, para desenvolver tecnologia nacional, onde o motor flex é uma opção das mais interessantes para nós e para o exterior”.