Os cerca de 100 pingüins que estão sendo cuidados em um posto improvisado pela ONG Pat Ecosmar, na Praia de Itaperapuam, em Porto Seguro (a 707 km de Salvador, no extremo sul do Estado), viraram a sensação do momento no município. Turistas fazem questão de chegar até o alambrado que separa o posto de atendimento do público para ver os pingüins e conseguir informações sobre eles.
A argentina Guillermina Saracca, 24 anos, que é de Buenos Aires e está em Porto Seguro há menos de dez dias, disse que ver de perto as aves para ela é novidade. “Como eu não vou lá na Patagônia, de onde eles são, eu não os conhecia de perto. Estou adorando vê-los, eles são lindos”.
A paranaense Josiane Felipe, 32 anos, estava deslumbrada com os animais. “Queria, pelo menos, poder passar a mão neles”, disse. Ela queria saber mais sobre o que fazer se encontrar um pingüim na praia.
“A primeira coisa a fazer é comunicar ao Ibama, ou a nós da ONG”, informou Estêvão Vasquez, voluntário da Pat Ecosmar. Ao lado do posto de atendimento há um Ponto de Informações Ambientais, que também tem chamado a atenção dos turistas devido às ossadas de baleia e cascos de cinco espécies de tartaruga que estão lá.
“O bom é que as pessoas que vêm ver os pingüins, uma atração à parte, podem obter conhecimentos sobre a vida marinha”, disse a coordenadora geral da ONG, Maruza Ribeiro.
Também coordenador da ONG, Paolo Botticelli avisa que não se pode pegar com as mãos as aves, porque elas podem transmitir doenças. “São aves que já vêm debilitadas. O certo ao achar uma delas é fazer um comunicado ao Ibama”, disse.
Segundo ele, os pingüins que estão recebendo cuidados no posto estão se recuperando bem. A previsão é que daqui a três meses eles tenham recuperado a saúde completamente.
Na Praia de Itaperapuam, é possível ver as aves no mar. Muitas delas colocam a cabeça para o lado de fora da água e afundam de novo. Banhistas e barraqueiros afirmam que já encontraram muitas aves mortas na praia.
“Eu mesmo já enterrei seis aves. Outras pessoas disseram que encontraram aves vivas, mas elas estavam muito fracas”, contou o barraqueiro João Santos.
Visita – Os pingüins estão aparecendo em toda a costa marítima do extremo sul. Já foram encontradas na área mais de 130 aves. Os principais locais onde elas estão aparecendo são Caravelas, Prado, Cumuruxatiba, Nova Viçosa e Santa Cruz Cabrália. Muitas já chegam mortas.
As aves, que estão sendo resgatadas há mais de duas semanas, são consideradas jovens, com idades de um a quatro anos. Por passarem muito tempo sendo levados pelas correntezas marítimas e não se alimentarem direito, os pingüins chegam às praias com apenas 30% do peso corpóreo. Além disso, apresentam problemas intestinais, pulmonares e ferimentos. Mas a recuperação, para felicidade dos biólogos, está sendo rápida.
Quando estiverem recuperados, eles serão enviados para Salvador. De lá seguirão de avião para a Fundação Universidade de Rio Grande (Furg), no Rio Grande do Sul, de onde serão estimulados a retornar para os locais próprios à sua sobrevivência.