Cerca de 200 famílias ficaram desabrigadas nesta segunda-feira, 26, em Santa Cruz Cabrália, a 727 km de Salvador, no extremo sul da Bahia, após cumprimento de mandado de reintegração de posse dado pelo juiz da Vara Cível, André Marcelo Strogenski.
As famílias moravam há três anos em uma área de 46 hectares, no bairro Geraldão, periferia do município e dizem que estão agora desabrigadas porque foi tentada negociação com a prefeitura local para que eles tivessem um local pra ficar quando deixassem as casas, mas não houve resposta do poder público.
O problema é apenas um dos que ocorrem devido ao troca-troca de gestores o prefeito eleito, Jorge Monteiro Pontes (PT), e a vice dele, Maria Ozélia Teixeira de Cruz Abreu (PTB) se alternaram no cargo por duas vezes desde o dia 14 de junho deste quando Pontes teve o mandato cassado pela Câmara Municipal de Vereadores, por ter supostamente cometido irregularidades na compra de material escolar.
O prefeito eleito ficou um mês fora do cargo (enquanto Maria Ozélia assumiu), deu entrada no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) em uma liminar, conseguiu e ficou por mais dez dias como prefeito; mas teve a liminar derrubada e a vice retornou a ser a gestora da cidade, reassumindo nesta segunda.
Sem resposta - O terreno onde ocorreu a reintegração de posse ontem pertence a Albertina Dantas de Oliveira. Filho dela, Pedro Dantas de Oliveira, 39, que acompanhava a desocupação do terreno, onde um trator derrubava casas de alvenaria e barro, disse que vinha há seis meses tentando uma negociação com a prefeitura para que as pessoas pudessem ter um local para ficar, quando o mandado fosse cumprido.
"Tentamos várias vezes com o prefeito Jorge Pontes, mas ele não deu retorno. Com a prefeita que assumiu no lugar dele foi a mesma coisa´´, afirmou Pedro Dantas. Maria Ozélia, por sua vez, declarou que o acordo tinha sido feito com Pontes e que ´´foi ele quem não cumpriu´´. Pontes também atacou: ´´Tivemos um contato inicial nesse caso e quem ficou de ver isso aí foi a prefeita que assumiu".
Os mandos e desmandos com a mudança de gestores atingiu todas as dez secretarias do Município. Foi só assumir o cargo que Maria Ozélia exonerou o titular da Secretaria de Educação, Evandro Abade. Depois mudou o secretariado todo com exceção de Paulo Badaró, que pediu demissão do cargo de secretário de Saúde.
Nas esquinas e ruas da cidade, o comentário da população ontem de manhã era um só: quando haverá uma definição sobre quem vai governar. O processo ainda tramita no TJ-BA, onde o mérito da cassação feita pela Câmara de Vereadores ainda terá seu julgamento, o que não tem previsão para acontecer. E depois do julgamento, ainda cabe recurso no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.