A professora Cleide Neide Medeiros Rodrigues, 43 anos, que estava internada
desde a última quinta-feira, 6, no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), em Feira
de Santana (a 109 km de Salvador), faleceu na madrugada desta segunda-feira, 10, vítima de
meningite bacteriana. Ela não resistiu à infecção, segundo informações do
hospital. Este ano 26 casos de meningite já foram confirmados no município, mas
de acordo com a Vigilância Epidemiológica apenas 2 foram confirmados como sendo
meningite viral, a forma mais grave da doença.
De acordo com familiares da professora no dia 25 de novembro ela apresentou
fortes dores pelo corpo e cabeça, febre e vômitos e eles a levaram para uma
unidade de saúde, onde o médico que a atendeu passou medicamento para virose.
Como não houve melhora, eles a levaram para duas unidades de saúde particulares
e nada foi diagnosticado. “Eles fizeram o teste da dengue e deu negativo, depois
fizeram um hemograma e não detectaram nada, apenas deram um soro a ela e passou
dipirona”, afirmou Alessandra Medeiros, prima de Cleide Neide.
Assustados com a piora no quadro de saúde da professora, os familiares a levaram
no dia 04 passado mais uma vez para o hospital, foi detectado que ela estava com
uma bactéria e passaram medicamentos para combater. “Ela estava muito debilitada
e eu perguntei ao médico se não seria melhor interna-la, ele me respondeu
grosseiramente que se fosse caso de internamento, minha filha já estaria
internada. Apenas passou os remédios e viemos para casa”, revelou a mãe da
professora Terezinha de Medeiros Brito.
No dia 06 o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu192) foi acionado e
encaminhou a professora para o HGCA, onde foi detectado através de exames que
ela estava com meningite e a deixaram internada. "Antes do internamento a
levamos para duas unidades de saúde particulares e nenhum médico identificou a
doença. Quando descobriram o que era ela já estava muito debilitada e não houve
como melhorar. Se eles tivessem responsabilidade com a vida humana, minha filha
estaria viva”, desabafou Cleiton Brito, pai da professora.
Cleide Neide Medeiros era casada, tinha dois filhos e morava no bairro Brasília.
SURTO - A diretora da 2ª Dires, Edilma Reis, disse que pela evolução do quadro
clinico e infeccioso da doença ficou comprovado quer a professora não foi
vítima da forma mais grave da meningite e sim de uma forma bacteriana, o que
não há necessidade de acionar nenhum tipo de ação por parte da vigilância
epidemiológica. Ela descartou qualquer indicio de surto da doença no município.
“Na verdade o que a paciente teve foi uma infecção de vias aéreas que não foi
tratada de forma correta e por isto se propagou, transformando-se em meningite.
Quero lembrar que qualquer tipo de infecção que não seja devidamente tratada ou
que o paciente apresente qualquer deficiência imunológica pode evoluir para um
quadro mais grave como pneumonia, meningite ou septicemia”, destacou.
Edilma Reis disse ainda que técnicos da Secretaria de Saúde do município e 2ª
Dires estiveram com a paciente na sexta-feira e coletaram material para exame
no Lacen, mas o laudo deve sair no prazo máximo de 2ª dias.
Na manhã de ontem a enfermeira Ariane de Lima Perez representando a vigilância
epidemiológica, visitou familiares e amigos da professora para explicar que não
havia a necessidade de alarme por conta da transmissão da doença, já que a
meningite bacteriana não é transmitida pelo ar.
“O tipo de meningite da qual a paciente foi vítima é pneumocócica e o óbito se
deu pela parte imunológica que estava comprometida, ou seja, estava debilitada.
Não há necessidade de imunizar ninguém que esteve em contato com ela, pois não é
a forma viral, que é transmitida através do ar”, explicou.
PREVENÇÃO - A diretora da 2ª Dires disse que existem vacinas para esta doença,
mas não para todos os tipos. Por isso é necessário alguns cuidados aos
primeiros sintomas. Sempre que possível abrir portas e janelas da casa e do
local de trabalho para permitir a entrada do sol e do ar; deve-se evitar
compartilhar objetos e utensílios de uso pessoa como copo, talheres, escovas de
dente, mamadeira, entre outros.
Ela pede que todas as pessoas que apresentar sintomas como febre alta, vômito,
dor de cabeça intensa e rigidez de nuca devem procurar imediatamente um serviço
de saúde. “Quanto mais tardio for o diagnóstico e o início do tratamento
adequado, maiores serão as probabilidades de ocorrer seqüelas graves como
surdez, cegueira e retardamento mental e morte”, adverte Edilma Reis.