Paralisação foi acordada em assembleias realizadas de sábado a terça
Empregados da Petrobras do Estado da Bahia seguirão o movimento nacional e entrarão em greve por tempo indeterminado a partir de 0h desta quinta-feira, 17, segundo informou o sindicato da categoria (Sindipetro). Os petroleiros exigem avanços na campanha de negociação salarial, a suspensão do primeiro leilão de áreas de exploração de petróleo na camada pré-sal, além da retirada de tramitação do Projeto de Lei 4330.
A decisão pela greve foi acordada em assembleias realizadas de sábado, 12, a terça, 15. Segundo informou o Sindipetro, a Petrobras e suas Subsidiárias propõem um reajuste de 7,68% na tabela da RMNR, o que representa um ganho real entre 1,17% a 1,5% e um abono correspondente a uma remuneração normal ou R$ 4.000. A proposta foi apresentada pela Petrobras no dia 7 de outubro, mas foi amplamente rejeitada pelos trabalhadores.
"A gente tem como reivindicação cinco por cento de aumento real, mas o que eles ofereceram está muito aquém do que a gente quer. A gente busca revisão do plano de cargos, mas a Petrobras se nega", disse ao Portal A TARDE o coordenador geral do Sindipetro, Paulo César Matin.
Outras reivindicações, conforme nota divulgada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), são "condições dignas de trabalho para todos, fundo garantidor para os trabalhadores terceirizados, melhoria dos benefícios e mudanças no PCAC".
"Hoje, pela manhã, já paramos os cerca de 20 mil trabalhadores terceirizados do Estado, que se unirão, à partir da meia noite, aos cerca de sete mil funcionários da Petrobras que atuam na Bahia", informou Matin.
Segundo a FUP, a indicação a favor da greve foi aprovada em sindicatos filiados "de Norte a Sul" do País. Serão paralisadas as atividades em refinarias, terminais de distribuição, plataformas de petróleo, campos terrestres de produção, usinas de biodiesel, termoelétricas e unidades administrativas da Petrobras e suas subsidiárias.
Leilão de Libra
A categoria se opõe ao primeiro leilão de áreas de exploração de petróleo na camada pré-sal, que oferecerá a área de Libra, na Bacia de Santos, agendado para segunda-feira, 21. Conforme a FUP, a área é a maior e mais importante descoberta de petróleo dos últimos anos. Para os petroleiros, o leilão de Libra coloca em risco não só a soberania e o desenvolvimento do país, mas também direitos e condições de trabalho.
Ainda de acordo com a Federação Única dos Petroleiros, vários atos e manifestações públicas estão programados para esta quinta-feira, primeiro dia de greve, em várias capitais do país. A manifestação, conforme a FUP, é para denunciar "os riscos à soberania e os prejuízos que a nação brasileira terá caso Libra seja apropriado por petrolíferas transnacionais. Nos últimos meses, a FUP e os sindicatos de petroleiros têm realizado uma intensa campanha junto com os movimentos sociais para impedir que o governo privatize o campo de Libra", informou em nota.
De acordo com a FUP, Libra foi descoberta pela Petrobras e tem reservas entre 12 e 15 bilhões de barris, um patrimônio estimado em 1 trilhão e 500 bilhões de dólares. No aniversário de 60 anos da Petrobras, no dia 3 de outubro, a categoria parou por 24 horas, em protesto contra o leilão.
Projeto de Lei 4330
A pauta de reivindicações da greve inclui também a retirada da pauta de votação da Câmara dos Deputados do Projeto de Lei (PL) 4.330/04, de autoria do deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO). O projeto muda as regras para a terceirização de serviços. "Sob o pretexto de regulamentar a terceirização, (o projeto) piora consideravelmente as condições de trabalho e ataca direitos históricos da classe trabalhadora", diz a nota divulgada pela FUP.
*Com informações da Agência Estado