Cerca de 300 famílias do MST ocupam a fazenda Marruais, em Coité
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que ocupam desde janeiro a Fazenda Marruais, no município de Coité, são acusados pelo proprietário do imóvel, Geovani Ferreira, de vender sisal e gado retirados da fazenda.
Ferreira, além do pedido de reintegração de posse feito à Justiça, entrou com uma queixa-crime acusando os invasores de causar prejuízos num montante avaliado em mais de R$ 26 mil.
A denúncia foi confirmada por membros da diretoria da Associação dos Pequenos Produtores e Assentados do Projeto Nova Palmares, com sede na zona rural do município de Conceição de Coité, a 210 quilômetros de Salvador.
Compra de sisal
Três diretores da associação confirmaram em depoimentos à delegacia de polícia local que compram de integrantes do MST o sisal beneficiado, extraído da Fazenda Marruais.
A fazenda foi ocupada em janeiro mesmo sendo considerada produtiva e de o Tribunal de Justiça da Bahia ter determinado a saída dos militantes da movimento sem-terra da área.
O proprietário da Marruais Geovani Ferreira e seu advogado, Luiz Walter Coelho Filho, além do pedido de reintegração de posse, entraram com queixa-crime acusando os invasores de retirarem o sisal e o gado da fazenda.
A partir da queixa, a Delegacia de Conceição do Coité instaurou inquérito e convocou os diretores da Associação de Nova Palmares a depor, pois havia indícios que a entidade estaria comprando o sisal retirado da Marruais.
O presidente da associação, Gregório Urbano Santana Araújo, o tesoureiro João Carlos Oliveira da Silva e o vice-tesoureiro José Arilson Silva Oliveira confirmaram, em depoimentos tomados pelo delegado João de Oliveira Farias Filho, que foram procurados por um homem de prenome Pascoal, que se dizia integrante do MST e que oferecia o sisal da Fazenda Marruais para venda.
Notas de compra
Os depoentes informaram que a primeira compra foi feita no dia 18 de agosto e a última no dia 7 de outubro. Os diretores apresentaram o bloco de nota em que recibos da associação confirmam as transações.
Curiosamente, Pascoal - segundo os diretores da associação - pedia que fossem emitidas duas notas de compra. Uma emitida em nome do MST e a outra em nome do dono da máquina beneficiadora da folha de sisal, convidado pelos sem-terra para atuar na fazenda invadida.