O Fórum 'Violência - Uma doença social. Qual o tratamento?', promovido em Santo Antônio de Jesus (a 185 km de Salvador), durante dois dias, foi encerrado no final da tarde desta quarta-feira, 27, com a formulação de propostas de enfrentamento para combater a violência no Recôncavo baiano. Cerca de 300 pessoas participaram do debate na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), durante dois dias.
As propostas foram apresentadas pelos grupos de trabalho, que discutiram a violência no trânsito e no meio ambiente, contra a juventude e contra a mulher, e as principais sugerem revitaklização do Centro de Cultura a fim de promover a cultura da paz; maior participação das secretarias muncipais nos debates sobre a violência; fortalecer as leis de trânsito; e criar espaços para fortalecimetno das políticas para a infância, como teatros e parques.
A professora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Maricélia Campos, debateu no grupo de trabalho a violência no trânsito. Segundo ela, falta educação. "É preciso educar os agentes de trânsito, a polícia, o motorista e o pedestre, por isso sugerimos a formação educativa permanente", disse. Sugestão que é compartilhada pela professora Regiane Marques, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (Ufrb), que diz que é preciso mudar comportamentos. "Isso só se consegue com educação permanente", reforça.
Carla Quadros, coordenadora do Fórum, salientou que as ações sugeridas foram específicas para cada área. "As pessoas sabem o que precisam para a solução do problema. Um grupo sugeriu curso de extensão para a formação dos profissionais. As discussões deverão contribuir para a construção, execução e aprimoramento de iniciativas focadas no combate a violência", salientou.
O juiz José de Souza Brandão Neto, autor da portaria 'Toque de Acolher', instituída em junho de 2009 em Santo Estevão, e que atua como juiz da Vara da Infância e Juventude em Conceição da Feira, e Civil em São Gonçalo dos Campos, citou várias ações e resultados alcançados com a medida. "Um dos benefícios da portaria foi o fim de drogas nas escolas", garantiu. O magistrado salientou que a finalidade da medida é proteger o adolesente. "Segundo dados da polícia houve uma diminuição de 70% na violência entre jovens depois da portaria", destacou.
José Brandão Neto recebeu um abaixo-assinado com mais de duas mil assinaturas de moradores de Santo Antônio de Jesus pedindo a implantanção do Toque de Acolher. "Eu sugiro como medida de combate a violência o Toque de Acolher para cidades de 50 mil habitantes pata cima, como Santo Antônio de Jesus porque já tem uma estrutura toda estabelecida", ressaltou o magistrado.
O coronel Adalberto Pithon, comandante do 14o Batalhão da Polícia Militar, admite que o envolvimento de adolescentes nos crimes aumentou em Santo Antônio de Jesus. Ele sugeriu a implantação de Casas para Acolhimento de Menores. "Existem poucas no Estado, precisamos de mais", disse.
Embora a Prefeitura e a Câmara de Santo Antônio de Jesus não tenham participado efetivamente do evento, o médico Everaldo Ferreira Junior, do grupo CTO e idealizador do Fórum, comemora a repercussão. "Numa universidade em greve, o espaço ficou pequeno.
A participação foi maciça de estudantes, professores e da comunidade, que debateram temas polêmicos, como a redução da maioridade penal. Nos grupos de trabalho foram sugeridas ações para ajudar na diminuição da violência. O Fórum é permanente e o objetivo é criar uma rede de diálogo e fornecer os elementos necessários para que os profissionais da área conduzam, da melhor forma, as políticas públicas de enfrentamento da violência", garantiu.
O encerramento contou com a performance do cantor e poeta Levi Emanuel; a escolha da redação sobre o tema violência, que reuniu 300 alunos de quatro escolas públicas, e a plenária com o juiz da Vara Criminal de Valença, Júlio Gonçalves Júnior, que falou sobre as diversas formas de violência na sociedade.