Padre Ariovan Gonçalves celebra Primeira Romaria das Águas e dos Gerais
A décima primeira celebração das águas do Riacho Tabúa, na zona rural de Baianópolis, 782 km de Salvador, teve nesta quinta-feira, 4, a Primeira Romaria das Águas e dos Gerais, em percurso de 14 km entre a igreja de Senhor do Bonfim, na sede do município, até uma das nascentes do riacho que abastece o povoado da Tabúa.
Desde 2005 a celebração coincide com a data de Corpus Christi, sendo a missa em referência à data religiosa, rezada sob frondosas mangueiras. "Nosso corpo precisa de água para ter vida", disse o padre Ariovan Gonçalves do Nascimento, acrescentando que o mineral "é a jóia mais preciosa deixada para os homens".
Durante a missa ele afirmou ainda que, quem cuida do meio ambiente, cuida da própria vida, destacando que "a ganância desmedida de alguns que querem enriquecer a qualquer custo e não respeitam as leis da natureza, põe em risco a vida de muitas outras pessoas com a contaminação e diminuição das águas".
Responsável pelo setor de Meio Ambiente da Agência 10envolvimento, a engenheira agrônoma Edite Lopes de Souza lembrou aos presentes que a motivação da primeira manifestação feita no local foi a derrubada de fornos que estavam produzindo carvão com madeira de cerrado nativo sem as licenças ambientais.
Para ela, que defende as comunidades tradicionais dos Gerais (como o bioma cerrado é conhecido pelos nativos), "aquela primeira ação, motivada pelo sentimento de resistência continua inspirando o envolvimento de novas comunidades".
Participando pela primeira vez da celebração pelas águas do riacho Tabúa, Gisélio Serpa, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Formosa do Rio Preto, criticou a falta de respeito para com a natureza, "que precisa ser conservada para que os rios da região oeste continuem alimentando o São Francisco, pois são eles os responsáveis por mais de 50% das águas do Velho Chico em tempo de estiagem".
Luta Cresce
O produtor rural Eujácio Palmeira, que fez parte do primeiro grupo a defender a nascente do riacho Tabúa, não esconde o orgulho de ter participado da expulsão dos carvoeiros. "Participo todos os anos e vejo que cresce o número de pessoas. Agora temos muitos jovens e já trago meus netos para dar continuidade à luta", disse.
Membro da Pastoral da Juventude da diocese de Barreiras e do grupo de jovens de Baianópolis, Eric Gamaliel foi um dos articuladores da primeira Romaria das Águas e dos Gerais e defendeu o envolvimento também dos jovens na luta pela água e pela terra. "Realizamos um evento religioso para conclamar a participação de todos neste movimento pela preservação da vida", asseverou.