Agentes enfrentam dificuldades para ter acesso às casas
Dos 356 mil imóveis de Feira de Santana - a 109 km de Salvador -, 12 mil estão fechados, abandonados ou para alugar. Esta situação tem dificultado o trabalho da Vigilância Epidemiológica do município no combate aos focos do mosquito Aedes aegypti , transmissor da dengue, zika e chikungunya.
O coordenador de Endemias e Vigilância Epidemiológica de Feira de Santana, Edilson Matos, solicitou ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) autorização para entrar nas propriedades.
"Há dificuldade de obter informações com as imobiliárias sobre os proprietários, e de conseguir as chaves desses locais para avaliar a situação. Por isso, recorremos ao MP. Através da Justiça, poderemos entrar", afirma.
Boa parte dos imóveis está em bairros nobres da cidade, como o Santa Mônica. Segundo relato dos moradores do local, mais de 50 casas estão abandonadas e 30% delas têm piscina.
O coordenador de endemias da cidade afirma que 3,5% dos imóveis da cidade estão nesta situação. "Muitas pessoas estão investindo na compra de casas e apartamentos, mas os deixam fechados para alugar no futuro. É uma luta desleal. Pouco adianta todo o esforço do poder público se as pessoas insistirem em manter imóveis fechados ou abandonados", diz.
Segundo ele, além de orientar os proprietários, os agentes eliminam periodicamente os focos: "Eles visitam os bairros pela manhã e à tarde. Além de colocar larvicidas em ralos e possíveis criadouros, carros-fumacê borrifam o inseticida para eliminar o Aedes aegypti na fase adulta".
A ação é realizada nos bairros Queimadinha, Cidade Nova, Parque Ipê, Campo Limpo e Rua Nova, que apresentam maior número de notificações dos casos de chikungunya e zika vírus.
Reclamações
Moradores do bairro Santa Mônica, área nobre de Feira de Santana, afirmam que no local há mais de 100 focos do mosquito da dengue. Além disso, reclamam dos vizinhos que mantêm casas abandonadas e dos terrenos baldios.
Em uma das residências de alto padrão da Rua Santo Mamede há uma piscina que virou ambiente de proliferação de mosquitos. " Já tentamos localizar os donos, mas não conseguimos. Não aparece ninguém há mais de dez anos", denunciou a empresária Luzinete Brito.
Segundo ela, na rua onde fica o imóvel, diversas pessoas adoeceram. "Na minha casa, todos ficaram doentes. Na rua, mais de 100 pessoas. É um bairro de classe média-alta, mas com esse tipo de problema", lamentou.

Visitas
Morador da Rua São Romão - também em Santa Mônica -, Márcio Cavalcante reforçou as reclamações dos moradores do bairro e afirmou que os agentes de endemias não são vistos na região há bastante tempo. "Moro aqui há 32 anos e os agentes não vêm aqui há mais de um ano", denunciou.
O coordenador de Endemias e Vigilância Epidemiológica do município de Feira de Santana, Edilson Matos, garantiu que os agentes farão uma visita nesta quinta-feira, 23, no bairro Santa Mônica.
Matos informou que, segundo dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde, de janeiro até a terça, 21, a Divisão de Vigilância Epidemiológica (Viep) notificou 1.999 casos de dengue, sendo 605 confirmados, dois deles graves. Foram notificados ainda 584 casos do zika vírus e 3.108 casos suspeitos de chikungunya.