Comunidade exige, dentre outros serviços, investimento na pavimentação de ruas
Lixo acumulado, ruas alagadas e esburacadas e esgoto correndo a céu aberto. Este é o cenário encontrado no bairro Parque Getúlio Vargas, em Feira de Santana. Moradores contam que já perderam as contas dos abaixo-assinados e reclamações feitas à prefeitura pedindo solução para os problemas da comunidade.
O pior é que os índices de doenças virais, como dengue, chikungunya e zika, só têm aumentado. "Dos seis moradores da minha casa, quatro ficaram doentes. Entre eles, minha neta de 5 anos. Não sei mais o que fazer, pois não conseguimos nem trabalhar direito com as dores", diz o segurança Adilson Teodoro.
Na rua onde ele mora, São Roque, o asfalto foi colocado há poucos meses e já cedeu em uma parte, abrindo um buraco que acumula água. Em frente à casa, há um terreno murado, mas que acumula lixo. "A coleta é feita normalmente aqui, mas pessoas de fora trazem o lixo em carroças ou carros abertos e jogam aí. Já reclamamos para a prefeitura e nada é feito. Isso é uma falta de respeito. Aqui está todo mundo adoecendo", completa o morador.
Na primeira travessa São Roque o esgoto corre a céu aberto, misturando-se com restos de material de construção e resultando em lama. O comerciante Eremilson de Moura conta que perdeu o pai há cinco anos, com suspeita de dengue hemorrágica. E que paga do próprio bolso para uma máquina limpar a rua. "Não tem como aguentar, tem momentos que a água invade o meu estabelecimento. Já fizemos manifestação, reuniões e nada. Nem os agentes de endemias passam aqui".
Mosquitos
Moradora do bairro há mais de 15 anos, Suzana Andrade diz que teve chikungunya e, mesmo tomando todos os cuidados, teme que o restante da família pegue a doença. "Não adianta limpar a casa, não conseguimos dormir, com mosquitos, ratos e baratas invadindo".
Na rua Noruega a situação é ainda pior. Parte é tomada por água e não passa nenhum veículo. O problema vem se arrastando há anos, mas se agravou há cinco meses.
"Antes, enchia e depois baixava, mas agora ficou acumulada. Nem sentar na porta podemos, pois o mau cheiro é insuportável", diz a aposentada Odália Freitas.
Cileide Ramos tem que caminhar pela calçada dos vizinhos quando sai de casa, pois a água está acumulada em frente ao seu imóvel. "A calçada está rachando, se precisar de um socorro aqui, morre, pois não passa carro", reclamou a moradora.

Primeira Travessa São Roque expõe esgoto doméstico, que atrai insetos e põe em risco a saúde dos moradores
Contágio
Este ano em Feira de Santana, segundo a Vigilância Epidemiológica, já foram notificados 3.643 casos de chikungunya, com 1.490 confirmações; 2.167 de dengue, sendo 649 confirmados; e 1.003 de zika, com 585 diagnósticos positivos.
O secretário de Desenvolvimento Urbano, José Pinheiro, informou que já estão programadas obras de esgotamento sanitário no bairro, que devem ser iniciadas nos próximos dias.
"Começamos pelo bairro Caseb e já estamos próximos de lá. Esta é só uma parte da obra, já que temos projeto de uma obra maior. Mas temos que aguardar a conclusão da obra que está sendo feita na Lagoa Grande, pois aí teremos como escoar a água", informou, acrescentando que os serviços da Lagoa Grande estão a cargo do governo do estado.
O coordenador de endemias da Vigilância Epidemiológica, Edilson Matos, informou que existe um trabalho constante no bairro e que, mesmo assim, irá intensificar a fiscalização. Se for necessário, com a utilização de bombeamento costal e fumacê. "Além disso, vou pessoalmente verificar a situação do bairro e solicitar o apoio de outras secretarias para a possibilidade de um mutirão, se for necessário", reforçou.