Retirada foi orientada por policiais civis, militares e federais de maneira pacífica
A reintegração de posse do conjunto residencial Solar da Princesa Aeroporto, com mil unidades do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), foi iniciada nesta terça-feira, 19, em Feira de Santana, a 108 km de Salvador.
Os imóveis - que ficam no bairro Santo Antônio dos Prazeres - estão ocupados desde 19/12/2015 e, de acordo com o professor Paulo de Tarso, que falou como representante das cerca de 3.500 pessoas que moram no local, "todas as famílias estão em situação de vulnerabilidade social e estão cadastradas no programa de moradias do governo federal", afirmou.
Atendendo à determinação da Justiça Federal de Brasília, a reintegração foi acompanhada por oficiais de justiça, além de policiais civis, militares e federais.
O prazo para a desocupação das unidades é até quinta, 21. Embora alguns tenham saído logo após a notificação oficial, outros afirmaram que não têm para onde ir e pretendem resistir de forma pacífica.
"É muito injusto isto. A maioria das pessoas morava de favor com familiares ou amigos. Aqui ninguém tem casa própria e este é nosso sonho", desabafou Paulo de Tarso, revelando que em assembleia realizada entre os ocupantes, "decidimos que vamos sair daqui e acampar em frente à prefeitura, no centro da cidade".
Segundo o professor Tarso, atualmente mais de seis mil pessoas estão cadastradas no programa habitacional do município.
Para a desempregada Jéssica Carneiro, 26 anos, foi um golpe duro receber a notícia da ordem de reintegração por parte da Caixa Econômica Federal (CEF).
"Eu sinto muita tristeza. Agora que tinha arrumado um lugar para morar com os meus filhos, fiquei de novo sem teto", afirmou Jéssica Carneiro, emocionada.
Caixa
Jéssica disse que há dois anos está cadastrada no MCMV e que entrou no Solar da Princesa Aeroporto "porque pensei que as casas eram para nós e que estavam demorando para entregar".
Desde que foi realizada a ocupação, a CEF tentava reaver a posse do local. Em nota divulgada nesta terça, 19, a CEF esclareceu que desde a semana passada iniciou as conversações com os ocupantes, negociando a desocupação.
Na nota, a CEF frisou ainda que as unidades do conjunto se destinam às famílias com renda de até R$ 1.600 e que, após a desocupação, será feita vistoria e, se necessário, a recuperação dos imóveis, antes de serem entregues às famílias selecionadas pelo poder público municipal.