Sobradinho estava nesta quarta-feira, 22, com 15,16% do volume útil
A preocupação com a crise hídrica instalada na maioria das regiões da Bahia foi a tônica dos debates realizados no Dia Mundial da Água, comemorado ontem. Atualmente, o estado tem 217 municípios com decreto de situação de emergência homologado pela Defesa Civil, atingindo mais de quatro milhões de pessoas.
Neste contexto, moradores ribeirinhos do São Francisco a jusante de Sobradinho estão preocupados com a autorização da Agência Nacional de Águas (ANA) para a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) iniciar os testes para a redução da vazão defluente para 600 m³/s, enquanto que a vazão ideal é de 1.300 m³/s. Este é a menor vazão de toda a história da barragem, construída na década de 1970.
“Ao tempo em que estamos apreensivos com o aumento da salinização do rio, que já deixou duas cidades sem abastecimento na região próxima da foz, também compreendemos que a crise hídrica atual requer ações extremas”, afirmou o vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), Maciel Oliveira.
Ele destacou que a projeção do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), “mesmo com a redução de vazão para 600 m³/s, é chegar ao volume morto da barragem entre o final de agosto e início de setembro deste ano”, lamentou.
“A questão ambiental é duramente afetada pela redução drástica de vazão, assim como os sistemas de captação e a navegação, mas é no momento uma condição para minimizar os efeitos negativos da estiagem”, disse. Ele ressaltou que há necessidade de os moradores ribeirinhos terem mais informações sobre o problema.
Um dos maiores lagos artificiais do mundo, Sobradinho estava ontem, de acordo com dados da ANA, com 15,16% do volume útil. No mesmo período de 2016, final da época chuvosa nas regiões do mananciais que são afluentes do São Francisco, a barragem estava com 35% do volume útil, que despencou para cerca de 1% no período mais crítico da seca, nos últimos meses de 2016.
Pouca reserva
Conforme acompanhamento semanal do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema), os demais reservatórios existentes no estado também estão com os níveis abaixo do esperado para este período do ano.
Responsável por abastecer 65% de Salvador e região metropolitana, a barragem de Pedra do Cavalo, no rio Paraguaçu, entre Governador Mangabeira e Cachoeira, está com 23,01% da capacidade. No mesmo período de 2016, a reserva era de 70%.
Outras represas usadas para abastecimento humano também estão com níveis considerados baixos. A Bandeira de Melo, em Itaetê/Boa Vista do Tupim, que em 2016 estava com 100% do volume útil, iniciou esta semana com 63%. A barragem do Apertado, em Mucugê, caiu de 40% em 2016 para 11%; e a do França, em Piritiba/Miguel Calmon, passou de 96%, no ano passado, para 39,67%.