Manifestante sobe em máquina agrícola para protestar contra tributação federal
Produtores e entidades envolvidas na cadeia do agronegócio da região oeste da Bahia participaram, ontem pela manhã, de uma manifestação contra a cobrança do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), que fechou a BA-490, na entrada da comunidade de Placas, zona rural de Barreiras (a 858 km de Salvador).
A mobilização, que é nacional, pede a aprovação do Projeto de Resolução do Senado (PRS) nº 13/2017, que regulamenta a cobrança, agora apreciado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). A expectativa é que o tema entre na pauta de hoje.
Na semana passada, a proposta não foi votada na CCJ, que acatou pedido da senadora Simone Tebet (PMDB-MS), para análise.
Interdição
Com máquinas agrícolas interditando a estrada conhecida como Anel da Soja, a mobilização de ontem foi a quarta organizada na região em menos de um mês. “Temos por objetivo chamar a atenção do governo federal, para a bitributação do setor”, afirmou o vice-presidente da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Luiz Pradella.
Ele explicou que a situação ocorre porque os agropecuaristas pagam os impostos sobre o faturamento da produção e, com o Funrural, também sobre a folha de pagamento dos funcionários.
“Nosso imposto chega a 30% do valor de uma safra e inviabiliza a atividade”, lamentou Pradella, destacando que “tem empresários rurais que pensam em encerrar a atividade por causa da elevada tributação, que será sentida também pelo consumidor final”, disse.
De acordo com o produtor Carlo Reginatto, “da forma que foi apresentada pelo governo, a cobrança do Funrural compromete o futuro da atividade no Brasil”.
Um dos protestos realizados na semana passada parou a BA-225, na região da Coaceral, zona rural de Formosa do Rio Preto.
Risco
“Trabalhamos em um negócio de risco, que depende de fatores climáticos. Trazer mais este imposto vai impactar sobremaneira o setor, principalmente depois do aumento do diesel, que já sobrecarrega a contratação de frete para trazer insumos ou escoar a produção”, reclamou Reginatto.
Representando produtores da região da Coaceral, a Associação dos Produtores da Chapada das Mangabeiras (Aprochama) também é contra a cobrança.
“Em meio à crise, fomos um dos setores que mais impulsionaram a economia, sendo injusto o governo federal recompensar nossos esforços com mais imposto para pagar”, argumentou um dos diretores da associação, Adilson Sujuki.
Para o diretor, é fundamental que os produtores se manifestem, permaneçam mobilizados e chamem a atenção sobre o problema, para “sensibilizar os parlamentares”.
Outras duas manifestações ocorridas na semana passada fecharam a rodovia BR-242, nos dias 15 e 16, no trecho em que corta o município de Luís Eduardo Magalhães.