Projeto da Ufba ensina baianas a fazer sabão
Uma das coordenadoras da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivos e Similares (Abam), Angelimar Trindade aprendeu a fazer sabão pesquisando na internet, mas ampliou seus conhecimentos com o projeto Baianambiental. “Foi gratificante, pois eu nunca tinha estado em um laboratório e a forma de fazer foi totalmente diferente, usando guarda-pó, luva, com todo o cuidado”, conta.
>>Projeto ensina reciclagem do oléo de dendê
Angelimar foi pioneira na multiplicação desse conhecimento entre as associadas da entidade, processo que deve ser acelerado com a conclusão da oficinas previstas no projeto, ainda na primeira quinzena de maio. “Estamos debatendo a ideia de montar uma cooperativa que vai produzir sabão com azeite de dendê e vender para pousadas e hotéis que valorizam produtos sustentáveis”, revelou a coordenadora nacional da Abam, Rita Santos.
Rita só lamenta que não seja possível fazer a capacitação de mais associadas diretamente com o professor José Roque, do Instituto de Química da Ufba. Na sua avaliação, a importância da oficina no local vai além de aprender a produzir o sabão, pois entrar numa universidade é uma experiência inédita para a maioria das participantes do projeto.
Origem
A professora Ângela Rocha recorda que a ideia de desenvolver um projeto com as baianas de acarajé surgiu na disciplina Ação Curricular em Comunidade e Sociedade, na qual tiveram oportunidade de conhecer as dificuldades enfrentadas por elas para descartar o azeite de dendê.
O Decreto Municipal 26.804/15, que regulariza a localização e o funcionamento do comércio informal da venda de acarajé, determina que as baianas precisam manter “um recipiente apropriado para o recolhimento de detritos provinientes do exercício da atividade, inclusive para coleta de azeite fervido, óleos e gorduras”.
Ângela observou que a destinação posterior desse azeite é o principal desafio, pois elas não contam com transporte fácil do resíduo para os pontos de coleta. A professora lembra que algumas empresas fazem o recolhimento quando a baiana tem uma grande quantidade de azeite disponível, mas várias delas não têm espaço para armazenar o material até alcançar esse volume.
A baiana Ana Cássia Pereira, 37 anos, tem uma parceria para coletar o azeite em sua casa, garantindo uma destinação sustentável, mas se empolgou ao participar de uma oficina do Baianambiental. “Eu pude ver a qualidade do sabão e comprovar que ele funciona mesmo, pois antes eu tinha um pouco de receio”, admite, acrescentando que o produto deixa suas panelas brilhando.