Intervalo na Escola Dr. João Duarte Guimarães
Os anos finais do Ensino Fundamental sempre foram um “Calcanhar de Aquiles” para a escola Doutor João Duarte Guimarães. De 2009, primeiro ano em que se há dados, até 2017, a unidade saiu de 2,4 para 2,3 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Os números demonstram estagnação na situação da qualidade de educação praticada na escola.
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Para sair do desempenho pífio, a unidade tem adotado políticas para melhorar os resultados na Prova Brasil, usada para calcular o Ideb.
“Estamos desenvolvendo atividades que contemplam as competências da Prova Brasil. Já realizamos um simulado, vamos realizar outro este mês e temos mais dois agendados até a realização da prova”, detalha Marileide da Silva, vice-diretora.
A estratégia de voltar as ações educacionais para preparar os estudantes para avaliações externas é uma estratégia oposta da adotada pelo CEB, que está na ponta do ranking do Ideb, em lado diametralmente oposto ao seu.
Apesar da preparação, a escola precisa resolver outros problemas. Um deles é com o fluxo de alunos, que fez a escola integrar o Programa de Correção de Fluxo Se Liga e Acelera Brasil, projeto desenvolvido pelo Instituto Ayrton Senna para corrigir o atraso escolar na rede pública, decorrente das reprovações e da evasão.
“O objetivo é que a criança alcance o nível de conhecimento esperado para a primeira fase do Ensino Fundamental. Ela pode recuperar de duas a quatro séries perdidas com repetências”, destaca Marileide.
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Somos cobrados a seguir alguns padrões. Aí não avança
Valter Ferreira, professor
Outra questão é a falta de motivação de professores. Valter Ferreira, que ensina história, afirma que tanto profissionais de ensino como alunos demonstram “desmotivação e desinteresse”. Ainda segundo ele, os docentes não estão preparados para lidar com alunos que levam para a sala de aula os reflexos dos problemas sociais e familiares.
“Falta uma participação dos pais, da comunidade; Tudo sempre é visto como única responsabilidade da escola", ressalta o professor.
Metodologia
Valter também é crítico do planejamento pedagógico da unidade, na avaliação dele, “engessado”. “Tentamos mudar, fazer algo diferente, trazer novas formas de debate, mas ao mesmo tempo somos cobrados a seguir alguns padrões e são estes padrões que são avaliados na Prova Brasil, por exemplo. Aí as coisas não avançam”, reclama.
Diretora presidente do Instituto Chapada de Pesquisa e Ensino (Icep), Bete Monteiro destaca que um projeto político-pedagógico não pode estar voltado apenas para avaliações externas como a Prova Brasil, porque elas não medem por si só a qualidade de ensino. Bete defende que as escolas construam um trabalho pedagógico que integre os educadores.“Tem escola que fragmenta o trabalho do educador. Cada professor entra na sala, faz o que pensa, de forma dissociada da política pedagógica da escola. O coletivo é muito importante”, afirma. Além disso, o professor precisa ter formação continuada, planejada para atender as necessidades de cada escola e profissional. É isso que pratica o Icep, que hoje atende a mais de 30 municípios. Este trabalho fez com que cidades que tenham a intervenção do instituto cheguem 98% de alfabetização ao fim do 2º ano. Com mais de 20 anos de existência, o Icep é referência em educação no Brasil.