Acidente chamou a atenção de populares
A estudante Camila dos Santos Francisco, de 19 anos, morreu ao cair de um ônibus da empresa Expresso Metropolitano, de placa NZG-0988, na manhã desta quarta-feira, 9, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
Camila frequentava um curso profissionalizante de dança em Salvador e, por volta de 6h30, foi a última passageira a subir no coletivo que fazia a linha Simões Filho-Terminal da França. O motorista Benigno Ferreira dos Santos, 43, pode ser indiciado por homicídio pela morte da estudante.
Segundo testemunhas, após o veículo percorrer cerca de 500 metros com a porta aberta, a jovem caiu e bateu a cabeça no chão. "Ela caiu durante uma curva. Ela sempre reclamava que os ônibus saem muito cheios no horário de pico e que os motoristas correm muito", disse o pai da vítima, Edvaldo Francisco Neto. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou ao local, mas apenas confirmou o óbito.
O motorista carreteiro Wellington Ferreira relata que o condutor do ônibus não viu a vítima cair. "Os passageiros gritaram avisando. Ele desceu para ver, abandonou o local e foi para a delegacia", conta. O motorista do coletivo prestou depoimento e foi liberado.
Sonho
Camila estudava dança na Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e tinha o projeto de abrir uma escola de dança em Simões Filho. "Ela terminou o ensino médio e entrou no curso. A dança era a paixão desde criança. Era filha única e uma menina que sempre animava a todos. A mãe está sob efeito de remédios", contou Neuza Brito, tia da jovem.
Segundo a coordenadora do curso profissionalizante de dança da Funceb, Janaína Cavalcante, Camila era uma aluna assídua e interessada. "Ela disputou uma vaga com outros 213 concorrentes e era muito talentosa", afirma.
O motorista da Expresso Metropolitano foi ouvido, na 22ª DT (Simões Filho), pela delegada titular Ana Lúcia Gonçalves. Ela não revelou o teor das declarações e informou que vai aguardar os laudos periciais e os relatos de testemunhas para definir se vai indiciar o motorista por homicídio culposo (sem intenção de matar) ou doloso (com intenção).
Ainda é necessário apurar o motivo de a porta ter permanecido aberta e por quanto tempo. O motorista não quis conversar com a equipe de reportagem. A empresa enviou nota dizendo que "lamenta profundamente o fatídico incidente" e que se coloca à disposição da família da vítima para o que for necessário.
Moradores de Simões Filho reclamam do comportamento ao volante dos motoristas da Expresso Metropolitano. "Eles correm demais, passam com tudo no quebra-mola. Uma vez já caí dentro do ônibus. Quando a gente reclama, eles correm mais ainda", afirma Magali Francisco, madrasta de Camila.
"A empresa diz que o ônibus não pode andar com a porta aberta, mas olhe aí o que aconteceu", declara Mizaildes Vasconcelos, cunhada do pai da vítima. "Os motoristas fazem o que querem aqui porque só tem uma empresa de ônibus", destaca o segurança César Augusto.