Jauperi e Pierre Onasis reverenciam o Axé e a MPB ao estilo do bom Luiz Carda
Ícaro Bazarov
No primeiro dia de circuito Osmar, sexta à noite, a banda Vixe Mainha (ex-Afrodisíaco) cravou um repertório que reverenciou o Axé e a música popular brasileira, de Baianidade Nagô, da Banda Mel, a Chiquita Bacana, de Caetano Veloso, sem esquecer Dorival Caymmi.
Hoje todo mundo sabe que a gente começou no Olodum. Então vamos cantar uma música daquele tempo, inspirada em Caymmi, disse Pierre Onasis, antes de entoar Canto de Pescador. Na passagem pelo Campo Grande, tocaram os hits Já é e Café com Pão, prováveis recordistas em execuções no Carnaval deste ano.
Crianças, ambulantes e fãs do grupo, espremidos pelas cordas do bloco Requebra, demonstraram entusiasmo e soltaram beijos, principalmente para Jauperi, vestido de saia - à la Luiz Caldas - e um gorro rosa. Ele toca pra todo mundo, não só pra quem pagou, diz Rosana Chagas. Três entrevistados disseram que passaram a acompanhar a dupla depois da formação do Afrodisíaco, sem lembrar do passado no Olodum.
Os comentários corriam na banalidade quando encontrei o zelador Givaldo de Jesus. Pierre Onasis é o cara do Carnaval. E eu já merendei na casa do homem, né? Tenho que falar bem, esclarece o fominha, para depois lembrar do tempo em que trabalhava no condomínio do compositor. Eram amigos? Aí já é diferente. Foi apenas um lanche.
Na passarela do Campo Grande, Pierre Onasis anunciou a mudança do nome do grupo. A gente era Afrodisíaco, mas tem uma banda em Buenos Aires com esse nome, e outra no Paraná. Tudo bem. Vamos colocar um nome baianidade total. Foi aí que Jauperi anunciou o óbvio a uma arquibancada semivazia: Agora é Vixe Mainha.
Perdida entre os foliões, Roberta Góes estava animadíssima. Esta tem um motivo nobre para estar aqui, pensei. E resolvi fazer uma pergunta pra lá de fútil: Você escolheu o Afrodisíaco (agora Vixe Mainha) porque é fã do grupo?. A moça continuou dançando e me sussurrou no ouvido: Não. Meu pai ganhou o abadá.