Fundado em 1981, o Colégio Social de Portão atende gratuitamente alunos da pré-escola ao ensino médio, moradores da comunidade de Portão e outras regiões vizinhas. O espaço também oferece, mas não gratuitamente, ensino superior, através de uma parceria com a Universidade Norte do Paraná (Unopar). São 16 salas de aula. A proposta da instituição é desenvolver uma educação diferenciada, voltada para a valorização da diversidade cultural e respeito às diferentes etnias. São desenvolvidos diversos projetos pedagógicos, a exemplo da rádio escola, o núcleo de cinema e vídeo. Todos os índios da reserva Thá-Fene estudam ou estudaram lá. Cerca de 200 índios já foram formados pelo colégio.
O colégio é administrado pela psicopedagoga e antropóloga, Débora Fontes, juntamente com o Colegiado Escolar, formado por professores, alunos, pais e funcionários. O terreno é da família de Débora e a escola é conveniada ao Governo do Estado da Bahia, de onde vem a verba para os gastos com luz, água e telefone e pagamento de pessoal. A Unopar também destina recursos para a manutenção da instituição. De acordo com Débora, a maioria do alunado é composta por meninos e meninas quilombolas e indígenas. Outro destaque da atuação da escola, é o convênio estabelecido com a Escola Pajé Francisco Suirã, localizada na aldeia Kariri-Xocó, em Alagoas. “Como os índios constantemente precisam deixar Lauro de Freitas para voltar à aldeia, criamos uma metodologia de complementariedade: o que aprendem aqui, dão continuidade na outra escola”, explica Débora.
“Aqui, as crianças índias da Thá-Fene não sofrem o preconceito que sofriam em outras instituições de ensino. Elas são respeitadas e valorizadas”, ressalta a psicopedagoga. Segundo ela, as crianças foram desrespeitadas em outras escolas por onde passaram. “Além do preconceito, que era visível, em alguns casos extremos, eles eram forçados pelos professores a falar sobre o ritual do Ouricuri”. O ritual é um dos momentos mais sagrados da cultura Kariri-Xocó, por isso mantido em segredo. Yanka, 11, é uma das alunas do Colégio Social Portão e moradora da reserva Thá-Fene. Tímida e de poucas palavras, deixa escapar que se sente muito bem na escola e o que mais gosta de fazer lá é ler e escrever. A garota está na 4ª série. Já Afrânio, 9, cursa a 3ª série e revela, entre sorrisos, que, ao contrário da irmã, o que mais gosta de fazer é estudar matemática.
SERVIÇO
Colégio Social Portão – (71 3379-7569). Contato: Débora Fontes.