Capacete é indispensável - Se você passa num buraco e cai, mesmo devagarzinho, corre o risco de bater a cabeça no chão, no meio-fio, ou em qualquer outra coisa que esteja por perto. Isso pode ser grave. Com capacete você amortece a pancada, evita arranhões e reduz o risco de um traumatismo.
Luva não é imprescindível, mas é importante usar por dois motivos - Com o tempo, o contato com o guidom machuca a palma da mão. A pele da mão é sensível, podem surgir calos e bolhas devido à fricção. E se você cair, o primeiro reflexo sempre é aparar a queda com a mão. Certamente você vai esfolar a mão no asfalto se estiver sem luva.
Respeite o fluxo. Ande sempre pela direita e na mão dos carros - Há uma série de razões para não andar na contramão e todas visam a segurança do ciclista. Veja alguns exemplos: O pedestre ao atravessar a rua costuma olhar apenas para o lado de onde vêm os carros. O carro que vai entrar em uma rua também. São poucos os motoristas que estão atentos a possibilidade de cruzar com uma bicicleta vinda na contramão. Um carro fazendo uma curva à direita não espera uma bicicleta vindo na direção contrária no lado de dentro da curva.
E outra. A velocidade que você se aproxima de um carro é muito maior se você estiver na contramão, porque ela é o resultado da soma das velocidades dos dois veículos. Se você está a 20km/h e o carro a 40km/h, você estará se aproximando dele a uma velocidade relativa de 60km/h. O carro vai ter menos tempo para reagir à sua presença e desviar de você, fora o fato de que uma colisão nessa velocidade já faz um bom estrago.
Se nesse exemplo você estiver no mesmo sentido do carro, a velocidade relativa entre ambos será de 20km/h. Ou seja, o carro tem mais tempo para desviar e a chance de colisão diminui. E, numa possível colisão, o estrago será menor.
Cuidado com as portas dos carros parados - Alguns motoristas olham no retrovisor procurando o volume de um carro e não vêem a magrinha chegando. O motorista pode ainda olhar de um ângulo que faz a bicicleta ficar no ponto cego. Ou então, o motorista é distraído mesmo, o que é muito comum de encontrar por aí.
Tem gente que abre a porta com tudo. Empurra até com o pé. Por isso procure se manter a uma distância que evite que você seja derrubado caso algum distraído abra a porta repentinamente.
Como se posicionar - Não precisa andar com a bike muito colada na direita, em cima da sarjeta, senão os carros vão passar muito rentes a você. Aí você pode desequilibrar e cair só com o susto. De acordo com o Código Nacional de Trânsito, os motoristas devem trafegar a uma distância mínima de 1,5m do ciclista. Mas fique bem atento. A maioria não sabe disso.
O ciclista também não deve andar no meio da pista. O ideal seria pedalar a meio metro da calçada, assim o ciclista tem espaço para desviar de algum buraco sem ter que se deslocar repentinamente para a esquerda.
Sempre sinalize para os motoristas - Use a mão, peça passagem, dê passagem, sinalize que o motorista pode passar quando você parar para esperar ele, avise quando você for precisar entrar na frente dele por causa de um carro parado e espere para ver se ele vai parar mesmo. Agradeça se ele parar ou te der passagem. A idéia é respeitar para ser respeitado.
Vestuário adequado é importante - Um ciclista com roupa de ciclismo, capacete, óculos e luvas é muitas vezes interpretado pelos carros como um atleta em treinamento ou alguém que sabe o que está fazendo. Dá a idéia de ser alguém que não vai desviar para o meio da rua sem olhar, alguém que não vai ralar o guidom na porta do motorista e nem vai fazer hora na frente do motorista.
Tente evitar grandes avenidas - Locais onde os carros seguem a 80 km/h são desaconselháveis. Em Salvador, por exemplo, o trecho da avenida Antonio Carlos Magalhães que liga a Rótula do Abacaxi ao Iguatemi, apesar de a velocidade máxima permitida ser 70 km/h, é bastante arriscado. O mesmo vale para as avenidas Paralela e Luiz Eduardo Magalhães.
Como regra adote o seguinte: se você se sentir inseguro para pedalar em uma avenida, melhor evitar. Até porque se você estiver com medo pode cometer algum erro bobo, como se desequilibrar, por exemplo.
Calçada é para pedestres - Se precisar passar pela calçada ou atravessar na faixa de pedestres, o correto é desmontar da bicicleta, assim como os motociclistas deveriam fazer, seguindo o artigo 68 do Código de Trânsito.
Pedestres que caminham de costas para os ciclistas podem dar um passo para o lado sem nem imaginar que pode ser atropelado por uma bicicleta. Um carro pode sair de dentro de uma garagem de um prédio e acertar em cheio o ciclista. O errado e machucado vai ser você. Evite isso.
Quer mais um bom motivo para não andar na calçada? Uma criança pode sair correndo de dentro de alguma casa. Já pensou ter na consciência o atropelamento de uma criança de três anos? Péssimo, né? Melhor não correr esse risco. Fique sempre na rua. Se quiser passar pela calçada, desmonte e vire pedestre.
Cuidado nos cruzamentos - Não passe no sinal vermelho com a bike. Um carro pode vir rápido para aproveitar o sinal amarelo e você errar o pé no pedal na hora que precisar desviar da situação. Ou então pode aparecer um pedestre atravessando a rua. Também não pedale em faixas exclusivas para ônibus.
Pedale da defensiva - Tente perceber o que os carros a sua frente vão fazer ou podem vir a fazer. Olhe para trás para ver se não está se aproximando um motorista imprudente que acaba de desviar a rota para pegar um retorno a cinco metros de você. Sinalize para que os carros possam antecipar o que você vai fazer. Não fique fazendo zigue-zague. Não entre sem olhar numa avenida.
Não mude de pista sem avisar, mesmo que o motorista esteja distante de você. Do mesmo modo que ele pode calcular mal sua trajetória e achar que vai dar tempo de passar na sua frente, você pode se enganar ao achar que vai dar tempo de mudar de pista.
Fonte: William Cruz, mountain-biker paulista praticante do estilo cross-country e adepto do ciclismo urbano.