O diretor Gil Santana decidiu bancar a reconstrução do teatro infantil que leva seu nome, no Rio Vermelho. Localizado na rua Almerinda Dutra, 67, o teatro, que pegou fogo no último dia 11 de junho, devido a fogos de artifício que atingiram o prédio, começou a ser reconstruído no último final de semana. Sem ajuda de outras entidades, do poder público ou da classe artística local, Gil Santana, que não tinha apólice de seguro para o prédio, resolveu começar a reforma com recursos próprios. A obra deve ser concluída em 30 dias.
Não há nada de concreto até agora para ajudar nas obras. Alguns amigos fizeram um documento intitulado `Salve o Tetro Gil Santana´com a intenção de arrecadar fundos. Mandaram para diversas empresas e até agora não tivemos retorno", destaca o diretor. Gil Santana prefere não revelar o valor aplicado no trabalho, que começou com a demolição de um muro atingido pelo fogo, a limpeza das paredes e a retirada de entulhos. O próximo passo é reformar a parte interna, que foi bastante comprometida pelas chamas.
Os figurinos dos espetáculos, os cenários, mesa de luz e cadeiras que faziam parte do Teatro também foram estragados. Perdemos tudo com o acidente, anos de trabalho foram embora, lamenta Gil, autodidata que trabalha como diretor, ator e escritor de peças teatrais. Comecei tudo sozinho, não posso esperar por ninguém porque o teatro não pode ficar parado.
Enquanto a reforma não termina, as peças que estavam em cartaz na casa (Os Nossos Saltimbancos, Chapeuzinho Vermelho e Os três Porquinhos) serão apresentadas no Bar Bondcanto, também localizado no Rio Vermelho, de sexta-feira a domingo, das 15 às 18 horas. Não posso deixar os atores sem trabalhar, ressalta.
História- Construído há cerca de 12 anos, o teatro possui uma sala com lugar para 150 pessoas, além de camarim, sala de ensaio, recepção e espaço para aulas ministradas para jovens de comunidade carentes. Por lá já passaram cerca de 40 peças teatrais direcionadas ao público infantil, como Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve, Pluft - O Fantasminha, O Pequeno Príncipe e Os Saltimbancos. O Último Tango e As Poderosas (que hoje está em cartaz está no Teatro Módulo) são as peças destinadas aos adultos que também foram apresentadas no Gil Santana.
O teatro foi idealizado por Gil Santana, que antes de construir o espaço dava aulas de atuação em uma escola. O local faliu e a dona da instituição ofereceu o espaço para o diretor, que contou com a ajuda de amigos, profissionais na área de arquitetura e engenharia, para erguer o prédio. É um espaço pequeno, modesto, mas muito bem aproveitado. Na época que construí, não tinha condição de fazer algo melhor. A estrutura foi sendo melhorada ao longo dos anos. No inicio, tínhamos apenas a sala de apresentação, relembra.
Gil Santana começou a atuar nos palcos ao 16 anos. Deixou de tentar o curso de teatro na Universidade Federal da Bahia para seguir por vários estados brasileiros com a peça Check-up, de Paulo Pontes e dirigida por Eduardo Gabus. Passou por Brasília, Maceió, Belo Horizonte e João Pessoa e voltou para Salvador. Na capital baiana, montou o grupo de teatro Pega-Pega e dirigiu Vestido de Noiva, baseado na obra de Nelson Rodrigues, que contou com cerca de 22 pessoas, entre atores e corpo técnico.
O artista tem uma atuação ativa e dinâmica no Estado. Sempre realiza projetos ligados à área e atua, dirige e escreve textos. Me viro pela paixão ao teatro e por sobrevivência. Teatro não tem apoio mesmo na Bahia. Sempre fui batalhador e corri atrás. Se aparecer ajuda para a reforma, ficarei agradecido.