Muitos foram à Igreja do Bonfim ontem, fugindo da festa
Cláudia Oliveira
A dimensão da crença no Senhor do Bonfim se descortina nas reações dos devotos que sobem a Colina Sagrada para dar graças e render homenagens ao santo. Ontem, centenas deles foram até a igreja para pagar promessas, renovar os pedidos, agradecer as bênçãos alcançadas. E para demonstrar o sentimento de fé, impossível para muitos conter a emoção e as lágrimas.
Balbuciando algumas palavras, o motorista Izael Filho, 37 anos, subiu a escadaria do Bonfim com olhar fixo na imagem no altar. Por alguns instantes fechou os olhos, rezou e chorou. Venho todo ano aqui e sempre me emociono.
Nascido em Juazeiro, Izael conta que herdou da mãe a fé no Senhor do Bonfim. Ela o trouxe à Igreja pela primeira vez quando tinha 8 anos. Desde lá, é ao Senhor do Bonfim que ele recorre. Ainda há pouco, estava no porto com minha van e pedi para Ele me arrumar um serviço. Pouco depois, surgiu um grupo de turistas, disse, satisfeito.
E não há limites para agradecer as bênçãos recebidas para as irmãs Rosimeire, 38, e Rosenilda Nogueira, 37. As duas vieram de Coração de Maria, a 104 quilômetros de Salvador, para pagar uma promessa na sala do ex-voto. O filho de Rosimeire passou no vestibular para engenharia na Ufba e na Uesf sem ter feito o pré-vestibular. Trouxemos hoje a foto dele e os lápis que ele usou nas provas, disse Rosenilda.
A carioca Vera Lúcia Dantas também cruzou fronteiras para homenagear o Senhor do Bonfim. Depois de ter amarrado fitinhas no porta da igreja, contou que estava alcançando uma cura. Tenho problemas cardíacos e estou praticamente curada graças ao Senhor do Bonfim. Minha filha tem problemas neorológicos e se formou em odontologia. Devo tudo a Ele.
O ritual também é seguido pela restauradora Suely Miglio, 45 anos, que mora há 25 na Suíça. Ela conta que sempre foi devota ao santo e todos os anos, durante as férias, sobe a Colina Sagrada para rezar. Uma vez, pedi um amor. Quando voltei para a Suíça, encontrei. Estamos casados há quatro anos, descreve.
