A chuva que atingiu a capital baiana nesta manhã não impediu que os fiéis fossem à Igreja do Bonfim na primeira sexta-feira de 2007. Os devotos não se intimidaram com o mau tempo e lotaram o adro do templo desde as seis horas, para agradecer pelo ano de 2006 e renovar os pedidos de ajuda para o novo ano. A maioria estava vestida de branco, cor litúrgica que a Igreja usa para celebrar Jesus Cristo e que os seguidores do Candomblé usam para saudar Oxalá.
A igreja não comportou todos os devotos e gente acabou assistindo às missas, realizadas às 06, 7h, 8h e 9h, do lado de fora do templo. Alguns ficaram até debaixo da chuva para ver a celebração da porta principal, como a aposentada Angélica dos Santos, de 76 anos. Ela mora no Cabula e foi com o filho à missa. Chegou tarde e ficou em pé.
Conseguiu sentar após o fim da celebração, quando os devotos que não conseguiram assistir a missa dentro da igreja aproveitaram para prestar as homenagens a Senhor do Bonfim. Com escapulários e terços na mão, faziam pedidos ao santo e pagavam promessas, como uma senhora que estava toda vestida de branco e andou de joelhos pelo corredor central.
As graças também eram pedidas do lado de fora da igreja do Bonfim, onde estavam reunidas dezenas de pessoas. Muitas delas enfrentaram os pingos dágua para receber ainda o axé das baianas no Largo do Bonfim, em frente ao templo.
Alfazema, pó de pemba e milho branco foram jogados nos fiéis. Eles faziam filas para receber as graças, como Osilma Barbosa Silva, de 28 anos. Grávida de sete meses, ela foi até ao local para pedir saúde para o filho, que deve nascer no mês de março. Vim até aqui para pedir pelo meu bebê, destacou a moradora de Piritiba, que dividia a calçada da praça com outras dezenas de pessoas.
Ambulantes comemoram - O movimento animou os vendedores ambulantes, que comercializavam fitas do Senhor do Bonfim, camisetas, escapulários, terços, patuás e pequenas imagens do santo. No Bonfim desde as 8 horas, Joilson Santana comemorava o resultado das vendas.
O ambulante tinha lucrado R$ 26,00 até as 11 horas. Esperava melhorar o lucro até o fim da tarde, já que a visitação de estende, muitas vezes, até o final do dia. As pessoas estão comprando bastante este ano. Até a noite devo tirar muito mais, afirmou Santana, que comercializa produtos nas festas populares que movimentam a capital baiana durante o verão.
Quem também se beneficiou com o movimento foi Arinete Jesus dos Santos, que vendia refrigerante, água e cerveja. Desde as seis ela estava no Largo de Bonfim com o marido, com quem trabalha nos festejos populares. Cheguei desde a primeira missa para aproveitar todo o dia e conseguir vender mais.
A mesma sorte não teve Antônio Jorge de Souza. Vendedor há mais de 20 anos, ele não conseguiu vender a mesma quantidade do ano passado. O movimento está bastante grande, mas há poucos turistas. São eles que compram as camisetas com nomes e imagens sobre a Bahia.