A chegada do inverno provoca o aumento dos casos de problemas respiratórios na capital baiana. Apesar de não possuir um registro do número de atendimentos médicos, as 61 unidades da rede Municipal de Saúde de Salvador que oferecem o serviço de nebulização registraram um crescimento de 20% em relação ao período do verão, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde.
Quem sofre com o mal é mais prejudicado no inverno porque as baixas temperaturas facilitam a multiplicação de vírus como o influenza, causador da gripe, doença comum nesta época do ano. Com o período chuvoso as pessoas tendem a se proteger em ambientes fechados o que facilita a disseminação do processo viral, explica o pneumologista e presidente da Sociedade de Pneumologia da Bahia, Guilhardo Fontes.
A gripe diminui a resistência do organismo e facilita a contaminação por bactérias que provocam doenças mais graves, como a faringite, sinusite, amidalite e pneumonia, acrescenta o pneumologista. As pessoas ficam com as narinas entupidas e passam a respirar pela boca, o que aumenta o risco de infecção por bactérias como estafilococos, pneumococos e micoplasmas (bactérias atípicas), explica Fontes.
Os dados do Ministério da Saúde confirmam a gravidade da situação. Segundo o MS, de cada sete pessoas no Brasil, uma sofre de problemas respiratórios, sendo que a asma atinge 10% da população do país. Anualmente, 400 mil pessoas são internadas por causa de crises de asma e a doença mata dois mil brasileiros por ano.
Idosos e crianças com idade inferior a cinco anos são as principais vítimas. São elas que lotam os ambulatórios médicos no período.O sistema imunológico das crianças ainda está em formação e o dos idosos já está debilitado. Também sofrem as pessoas com doenças crônicas, como os cardíacos e diabéticos, explica o pneumologista.
A consultora de vendas Cláudia Guedes, 32, já perdeu muitas noites por causa da alergia respiratória da pequena Maria Luíza, de 3 anos. Com as alterações climáticas, ela tinha tosse seca, febre, nariz entupido, falta de ar. No inverno piorava muito, conta. Desde os sete meses de vida Maria Luísa apresentava os sintomas. Depois que a garota completou 2 anos, passou a fazer tratamento homeopático e toma vacina para aumentar a imunidade. Antes ela tinha crises a cada dois meses, ficava internada. Os médicos receitavam antibióticos, remédios com corticóides e nebulização. Agora ela tem poucas crises por ano, revela a mãe.
Tratamento homeopático - A homeopatia também foi a solução encontrada pela professora de história Elizabeth Souza, 46, para aliviar as crises de alergia respiratória que filho tinha quando criança. De 8 meses até 3 anos o garoto apresentava sintomas como tosse seca durante o dia e o acúmulo de muco no pulmão e garganta, durante a noite.
A situação se agravava no inverno, por causa do clima muito úmido. As crises ficavam mais constantes. A mais grave foi quando ele tinha oito meses e quase teve uma parada cardíaca. Às vezes, precisava ser internado três vezes em um mês. Meu trauma foi tão grande que eu não quis ter outro filho, conta Elizabeth, que, para entender melhor a doença do menino, fez um curso de terapeuta homeopata.
As doenças respiratórias alérgicas, como rinite e asma, têm influência da genética e de fatores desencadeantes, como pelos de animais, poeira e mofo, de acordo com o presidente da Sociedade de Pneumologia da Bahia.
A estudante de arquitetura Mônica Latalisa, 23, tem bronquite asmática desde pequena e adota algumas posturas preventivas. Mantém sempre um agasalho no carro, evita fazer faxina em casa e deixa a casa e os armários arejados. No meu quarto não tem bicho de pelúcia, tapetes, nem cortinas de algodão. Também evito acumular muita coisa no guarda-roupa, revela.
Mesmo com as medidas, a jovem sempre anda com bombinhas de medicação para casos de emergência. Em casa, tem um aparelho de nebulização. Ainda assim, uma vez foi surpreendida pela doença.Tive uma crise e faltava uma peça do nebulizador. Liguei para o plano de saúde e o socorro demorou um pouco para chegar, recorda.
Mônica acaba de se recuperar da última crise. Desta vez, foi desencadeada por uma gripe, que deixou seu sistema imunológico enfraquecido. No inverno as crises acontecem com mais freqüência. Meu organismo demora para se adaptar às mudanças climáticas, explica.
Prevenção - O pneumologista Guilhardo Fontes recomenda alguns cuidados para evitar a disseminação de doenças respiratórias infecciosas. Quem está gripado deve lavar a mão sempre que for falar com alguém, por que pode passar o vírus. Além disso, para evitar a contaminação, deve-se tossir para baixo. A mãe que está gripada deve usar uma máscara para cuidar dos filhos pequenos, alerta.
De acordo com o especialista uma boa alimentação - com pouca gordura, muita verdura e frutas além de exercícios físicos, ajudam no fortalecimento do sistema imunológico. Como forma de prevenção, o médico defende a prescrição da vacina nas pessoas que correm maior risco de contaminação, como crianças e pessoas com doenças crônicas.
*Informações úteis e mitos sobre a asma
- A asma é uma doença crônica, mas tem controle;
- Bombinhas não fazem mal para o coração;
- Cortisona ou derivados (corticóide) não fazem mal desde que usados corretamente;
- Durante uma crise começe o tratamento logo;
- Sempre que o tratamento inicial não melhorar os sintomas vá a um serviço de Emergência ou procure seu médico;
- Use a medicação regularmente e não a interrompa por conta própria;
- Mantenha a casa livre de poeiras, mofos e ácaros;
- Evitar contato excessivo com animais domésticos;
- Asmáticos não devem fumar, nem passivamente;
- O adequado manuseio da asma torna as fatalidades um desfecho muito raro;
- Mesmo que o asmático já tenha informações sobre a doença e sobre o uso de medicamentos, isto não deve torná-lo auto-suficiente, sendo necessário manter contato com seu médico e fazer revisões periódicas
*Fonte: Site da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia